São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Cozinha industrial dá chance de carreira

DA REPORTAGEM LOCAL

A onda de terceirização está movimentando particularmente uma área do setor de serviços, a de refeições industriais.
Grandes empresas do ramo estão criando oportunidades de emprego para quem ainda não tem profissão nem escolaridade.
"Não é complicado virar um profissional qualificado de cozinha industrial", afirma Marco Antonio Salomão, 52, diretor de recursos humanos da GR Alimentação e Serviços, que serve 350 mil refeições diárias em 500 restaurantes de empresas.
As cozinhas industriais estimulam seus funcionários a subir os degraus dentro de casa. Quem começa como ajudante de serviços gerais tem chances de chegar a chefe de cozinha, mesmo que não faça investimentos pessoais em educação nem tenha concluído o primeiro grau.
Um fator que estimula as promoções são os treinamentos frequentes, que ocorrem devido ao rigor com que as empresas são avaliadas.
A Embral, empresa que fornece 58 mil refeições diárias em 70 restaurantes, dá treinamento técnico e operacional para os funcionários de uma unidade em implantação.
Depois, são encaminhados para o trabalho em outras unidades, com acompanhamento de profissionais experientes. Finalmente, a empresa permite que assumam suas funções no novo restaurante.
"Mesmo que o funcionário tenha experiência anterior, precisa aprender as normas operacionais e de segurança alimentar da Embral", explica Rosamalia Lima de Castro Assumpção, 39, gerente de recursos humanos da empresa.
Envolvido no programa de melhoria contínua, o treinamento da Ata Alimentação consiste de módulos sobre atendimento, higiene e preparação de saladas.
A proposta do treinamento se concentra em fazer com que as pessoas participem da discussão dos problemas vividos no cotidiano e apresentem soluções.
Nutricionistas
A Ata também fechou, a exemplo da Bimi Restaurantes Industriais, acordo de parceria com entidades como Sesi e Senac para o treinamento do administrador da unidade –em geral, nutricionista ou técnico em nutrição.
Essa é a função mais qualificada dentro de uma cozinha industrial. As exigências para esses profissionais não se restringem aos conhecimentos sobre preparo de alimentação balanceada.
Um nutricionista deve mostrar que tem noções de administração e de negociação, além de habilidades pessoais como liderança e disposição para trabalho em equipe.
"Ele deve se preocupar com a satisfação dos clientes, com a administração voltada para resultados e a meta de desperdício zero", afirma Milton Takayanagi, 36, diretor-superintendente da Bimi.
Na maioria das empresas, o nutricionista tem também suas chances de seguir carreira. Ele pode atuar como consultor em nutrição para os restaurantes cujos gestores têm outra formação.
Pode também chegar a gerente, com responsabilidade administrativa por cerca de dez cozinhas.
Algumas empresas, como a GR, pretendem colocar seus funcionários em contato direto com os clientes (comensais) para que possam contribuir na melhoria do processo de produção.
No restaurante da Ata instalado na Companhia Suzano é costume o líder de atendimento (responsável pela equipe de copeiras e garçons) reunir sua equipe para debater os problemas no final do expediente.
"Trata-se de uma atividade essencialmente movida pelo orgulho", diz Salomão. "É mortal para um funcionário ver que a comida que ele preparou foi rejeitada."

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