São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Insistência era punida até com a morte

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA

Algumas das mulheres apaixonadas por Hitler tiveram um destino pior do que a maioria, que ficou apenas sem resposta.
Nos casos de mulheres excessivamente insistentes, e que escreviam coisas confusas, a "Reichskanzlei" ordenava que elas fossem enviadas para clínicas de doentes mentais. Nessas clínicas não eram raras as mortes por eutanásia.
Hitler introduziu em 1939 um programa secreto de eutanásia, executado pela própria "Reichskanzlei".
No início, este programa visava apenas abreviar a vida de doentes incuráveis.
Pouco tempo depois, no entanto, a medida foi aplicada para todas as pessoas consideradas "inúteis" para o Estado nacional-socialista.
Calcula-se que, entre 1939 e 1945, pelo menos 120 mil pessoas –doentes mentais e físicos, adultos e crianças– tenham morrido na Alemanha por eutanásia.
Sobrevivente
Mas este não foi o caso de Anna W., na época com 57 anos, que escapou por pouco.
Segundo documento da "Reichskanzlei", enviado ao chefe da Polícia em Berlim em setembro de 1940, Anna escreveu uma série de cartas ao "Fuehrer", "cujo conteúdo indica ser a remetente não muito normal do ponto de vista mental".
A "Reichskanzlei" pedia que a Polícia "convencesse" a remetente a deixar de escrever.
O mesmo aconteceu com Frieda L., que numa carta a Hitler reclama por ter sido molestada pela polícia.
Anna continuou a mandar cartas de amor a Hitler e, em novembro de 1942, foi enviada para um sanatório de Berlim.
Segundo investigação feita este ano pelo sociólogo Helmut Ulshoefer, editor das cartas de amor ao ditador, Anna foi ainda no mesmo mês transferida para outro sanatório, fora de Berlim, onde a eutanásia costumava ser praticada em doentes mentais.
Cinco meses depois, no entanto, Anna W. conseguiu ser liberada do sanatório.

Texto Anterior: Livro de cartas revela amor por Hitler
Próximo Texto: Mulheres achavam que eram amadas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.