São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Mulheres achavam que eram amadas

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA

O que mais intriga o norte-americano W. C. Emker, que descobriu as cartas de amor dirigidas a Hitler, não é só o fato de as mulheres amarem o ditador, mas também o de estarem convencidas de que eram amadas por ele.
"Certamente você terá saudades de mim", escreveu Ritschi (apelido), de Berlim, em setembro de 1941. "Pelo rádio você me passa tantos sinais. Não tenho mais dúvida nenhuma", disse Rosa M., numa carta de 29 de março de 1943.
Na opinião de Emker, a maioria destas mulheres parece tão preocupada consigo mesma, que praticamente ignora nas suas cartas os horrores da guerra.
Mas algumas fãs de Hitler comentam acontecimentos políticos, como U., que se queixou da entrada do Brasil na Guerra, em 1942.
Muitas cartas mostram a decepção das mulheres por não receberem resposta de Hitler, como foi o caso de uma que chegou a mandar um bolo para o ditador.
Outras viajaram a Berlim para encontrá-lo (sem sucesso) e escreveram a respeito.
Uma análise das cartas também indica que a maioria das fãs do ditador vinha provavelmente de um meio muito simples. A maior parte das cartas mostra que elas tinham pouco domínio da língua alemã e trazem muitos erros de ortografia.
O tratamento usado pelas mulheres para se dirigirem a Hitler varia: algumas são mais formais e, mesmo falando de assuntos íntimos, chamam-no de "senhor".
Outras se desculpam pelo "assanhamento" e dizem "você".
(SB)

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