São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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China cresce 11% assustada com inflação

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A China prevê um crescimento de 11% para 1994 mas está preocupada com o segundo ano de inflação alta, atualmente em 27%.
O Partido Comunista discutiu durante quatro dias em Pequim a situação econômica. Ontem, o "Diário do Povo", órgão oficial do PC, publicou as conclusões.
O desnível crescente na distribuição de renda do país, a deterioração da lei e da ordem, a situação de indústrias estatais que aguardam reformas e a agricultura são os desafios para 95.
O documento aprovado na reunião reflete um compromisso das correntes de opinião dentro do partido. Há discordâncias sobre quanto a economia deve crescer, como balancear crescimento e estabilidade e quão rápido as empresas estatais devem ser privatizadas.
"As profundas contradições na administração da economia basicamente não foram resolvidas", diz o comunicado. Nenhuma meta em inflação, dinheiro em circulação, consumo e investimento em bens de capital foi cumprida em 94.
Não foram expressas decisões claras acerca das reformas nas empresas estatais. Os defensores do crescimento rápido mesmo a custo de inflação alta, no entanto, foram considerados "não-científicos", segundo o relatório.
"Algumas pessoas estão ganhando demais", disse o relatório, comentando as diferenças de renda, cada vez mais acentuadas, assim como a desigualdade entre campo e cidade. "Para o benefício público de longo prazo, temos que resolver isso".
Um ano de secas e enchentes prejudicou muito a agricultura. A produção não atende a demanda. Agricultores têm burlado os compradores estatais e vendido suas colheitas no mercado o que deixa as indústrias estatais sem matéria-prima.
Uma conferência em Xangai sobre trabalhadores migrantes mostrou a deterioração da lei e da ordem no país. Relatório aponta a existência de mais de 80 milhões de trabalhadores migrantes nas grandes cidades chinesas.
O relatório afirma que esses trabalhadores são responsáveis por boa parte da riqueza das regiões onde trabalham e de suas próprias, porque mandam dinheiro para as famílias. "Mas a tarefa de gerenciá-los e controlá-los não acompanhou o passo".
"A movimentação dessa força de trabalho está em grande parte fora de qualquer controle, afetando seriamente a ordem pública, o planejamento familiar e outros setores", afirma o relatório.

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