São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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Alta de preços ameaça o poder do PC chinês

DE PEQUIM

Para o governo chinês, o dragão da inflação traz lembranças amargas. A alta de preços foi então um dos combustíveis para estimular as manifestações pró-democracia de 1989, brutalmente reprimidas.
O primeiro-ministro, Li Peng, sentenciou em setembro: a luta contra a inflação se transforma em prioridade do governo chinês. E adicionou que, para isso, o país precisa de um crescimento econômico "sustentado e saudável".
Enquanto a maioria dos países do Terceiro Mundo busca pisar no acelerador da economia, a China tenta puxar o breque. O país acumula, nos últimos anos, as maiores taxas de crescimento econômico do planeta, que flutuaram na casa dos 13% em 1992 e 1993.
Os estrategistas da revolução capitalista chinesa avaliam que o superaquecimento vai trazer mais inflação e desemprego, ingredientes perigosos para a alquimia de se manter o PC no poder.
Para se evitar os "efeitos negativos" das reformas, vale a pena esfriar o caldeirão econômico.
Pequim anunciou a meta de manter o crescimento este ano abaixo de 10% um ritmo avaliado como "estável" pelo governo.
Recentemente, as taxas caíram para 11%, mas se recusam a obedecer a ordem do governo.
A China evidencia dificuldades em administrar uma economia nova, mais complexa e descentralizada do que o cenário de antes das reformas pró-capitalismo iniciadas em 1978.
"Embora a situação seja ruim, ainda não há necessidade em se falar que a inflação e a economia já estejam fora do controle do governo", opina Ma Guonan, um economista de Hong Kong.
Como culpados pela inflação, o governo aponta o ritmo acelerado de investimentos em construção civil, subsídios às empresas estatais que operam no vermelho e perdas na agricultura.
Mas tais problemas ainda não tiram da China a candidatura à maior potência econômica do mundo já na primeira década do século 21.

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