São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Cúpula européia avaliza contato com Mercosul

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula européia de Essen (Alemanha) deverá avalizar o documento estratégico da Comissão, deixando o Mercosul com o que o chanceler brasileiro Celso Amorim chama de alternativas de negociações comerciais.
Pode aprofundar o relacionamento com a UE, que já é o principal destino das exportações do Mercosul (ver quadro nesta página), como pode esperar para ver o que acontece com a pretendida Afta (iniciais em inglês de Área Americana de Livre Comércio).
É um cenário aparentemente ideal para dar consequência à retórica com que o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso pretende impregnar as relações do Brasil com os Estados Unidos.
"Nem agressões, que são expressão de complexo de inferioridade, nem subserviência, que é também expressão de idêntico complexo", disse Fernando Henrique Cardoso durante sua viagem ao Leste europeu, logo depois da eleição.
Além do comércio, o documento de Miami conterá dois outros grandes capítulos, um batizado de "good governance" (bom governo) e, o outro, de desenvolvimento sustentado.
No primeiro, entram as igualmente inevitáveis loas à democracia, desta vez justificadas.
Na anterior reunião do gênero (Punta del Leste, Uruguai, em 1967), dos 26 países representados, 10 tinham governos não-eleitos, inclusive o Brasil.
Agora, todos os 34 são democráticos, ainda que se possa fazer ressalvas a governos como o do peruano Alberto Fujimori, por exemplo.
Por isso mesmo, o documento não fará menção específica a Cuba. O contraste basta.
Ainda assim, os diplomatas brasileiros estão preparados para eventuais protestos da comunidade de exilados cubanos, fortíssima em Miami, pelo tratamento amistoso que o Brasil dá a Fidel Castro.
Narcotráfico
É importante notar que a questão do narcotráfico, uma das grandes inquietações norte-americanas, entrou no capítulo "good governance".
Ou seja, deixou o território policial, como implícito reconhecimento de que o poder do narcotráfico é uma ameaça à democracia, sinônimo de "good governance".
Desenvolvimento sustentado, o outro capítulo, é a nova categoria semântica para se tratar, principalmente, de meio-ambiente, tema que não pode faltar mais na agenda de reuniões internacionais. (Clóvis Rossi).

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