São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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'Energia é setor mais cobiçado'

Folha - Qual é a proposta de privatização do governo Covas?
Antonio Angarita -A palavra privatização deixou de ser uma palavra ideológica. Por trás dela, está a noção de que o Estado moderno tem de estabelecer novas relações com a sociedade moderna.
Folha - O que deve permanecer nas mãos do Estado e o que deve ser privatizado?
Angarita - Essa é uma pergunta ideológica porque é uma pergunta que leva à idéia do Estado mínimo. As funções do Estado não são estimadas numa escala de centímetros.
O Estado tem de ser eficiente. Ao estabelecer novas relações com a sociedade, essas relações devem ter métodos.
Um desses métodos para o Estado se relacionar com a sociedade de maneira melhor pode ser a privatização. Você tem outros. Você tem concessões de serviços públicos e parcerias com a iniciativa privada.
Folha - Há propostas de que o Estado deveria gerir apenas educação, saúde, transporte e habitação...
Angarita - Esses quatro pontos que você mencionou são os eixos básicos da demanda da população.
Como é que o Estado atende a essas demandas? Formulando políticas públicas adequadas e voltadas para essas demandas.
O que o Estado não pode é substituir o mercado naqueles lugares onde a iniciativa privada está testada e aprovada. Isso passa pela privatização.
Mas você precisa tomar cuidado para não transformar a privatização em compra e venda de ativos.
Folha - Vender ações de estatais energéticas para pagar dívidas do Estado, por exemplo?
Angarita -Isso, no limite, pode ser uma ação pública inteligente, mas a venda de um ativo público deve passar por uma política definida de privatização.
O Estado de São Paulo está numa situação financeira muito grave. Se se puser em marcha uma política de privatizações, isso tem a ver também com essa dívida do Estado.
Folha - Pelas informações já coletadas, o que seria possível privatizar no governo Covas?
Angarita - Esse mapa não está pronto. É claro que já se têm idéias a esse respeito.
Quais são os ativos que o Estado dispõe para colocá-los numa política de privatizações? O patrimônio fundiário do Estado, o patrimônio imobiliário do Estado, que não é pequeno, tem ações das suas empresas...
Folha - Então há idéias de setores...
Angarita -O que eu posso dizer é que provavelmente o setor mais cobiçado é o energético.
Não é à toa que os investidores estão cobiçando o setor energético. Resta saber se, na política do governador eleito, se compatibilizam esses desejos.
Folha - E se compatibilizam?
Angarita - Essa pergunta terá que ser feita no futuro para Mário Covas.

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