São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Polícia não vigia principais entradas do Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A falta de policiamento e fiscalização faz com que aeroclubes, rodoviárias, marinas, clubes náuticos e até o aeroporto Santos Dumont (centro) sirvam como seguros "portões" de entrada de drogas e armas Rio.
Nem as Forças Armadas nem as polícias Federal, Civil e Militar desenvolvem uma vigilância efetiva sobre a maioria dos pontos de entrada terrestre, marítima e aérea da capital do Estado do Rio.
O comando da Operação Rio –de combate ao tráfico de drogas e ao contrabando de armamentos– destacou tropas para vigiar favelas e estradas, mas se esqueceu, por exemplo, da rodoviária Novo Rio (São Cristóvão, zona norte), a maior do Rio.
"Dentro da rodoviária não temos fiscalização. Logo que começou a ação conjunta das Forças Armadas e polícias esperávamos um contato, uma notificação. Não recebemos nada. Nenhuma orientação", disse Evangelina Meirelles, assessora da direção da rodoviária.
Chegam por dia à Novo Rio cerca de 15 mil passageiros. Não há acompanhamento policial no desembarque. Os policiais militares de plantão só costumam atuar quando convocados em situações de assalto, roubo ou brigas.
O desembarque no aeroporto Santos Dumont –principal destino carioca dos vôos entre Rio e São Paulo– também não é fiscalizado. Quem eventualmente chega de São Paulo com armas e drogas dentro da bagagem pode entrar no Rio sem problemas.
Em Congonhas, em São Paulo, o passageiro embarca no avião sem ter malas examinadas.
O Ministério da Aeronáutica destacou uma equipe da PA (Polícia da Aeronáutica) para fiscalizar a chegada de pequenos aviões no aeroporto de Jacarepaguá (zona oeste). Mas da vigilância escapam os cerca de 500 associados do Aeroclube do Brasil, sediado no aeroporto.
"Não existe fiscalização sobre o que trazemos. Por enquanto nosso clube não recebeu qualquer orientação", afirmou o presidente do aeroclube, Clodoaldo da Silva Santos, 56.
A pista do aeroporto mede 900 metros. Nela descem aviões monomotores, bimotores e jatos de pequeno porte. O policiamento é precário. A Folha conseguiu chegar à pista e fazer fotografias mesmo sem autorização da superintendência do aeroporto.

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