São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Juros serão mais confortáveis em dezembro

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O Banco Central sinalizou os juros de abertura de dezembro em 5,45%. Embora represente queda nominal diante dos 5,98% de novembro, o juro efetivo estimado para este mês não mudou: 4,07%. Isto porque dezembro tem 22 dias úteis, contra 20 de novembro.
As instituições, que prevêem inflação entre 2,5% e 3%, acreditam que o juro real de dezembro será mais confortável do que o do mês passado, que fechou em 0,78%. Deve ficar acima de 1%.
Isto desde que a tendência de queda da inflação se confirme. Ao que parece, caminha para isso. Pelo menos na semana passada, o cenário era tranquilizador.
A definição de Pedro Malan para a pasta da Fazenda foi muito bem recebida pelo mercado: indica que nada muda na condução do Plano Real após a posse de FHC.
Este é um fator de tranquilidade, que elimina ansiedades geradoras de pressão inflacionária em véspera de troca de governo. Há pouco espaço para remarcações preventivas, por exemplo.
A folga que os bancos terão com o socorro dado pelo CMN é outro ponto positivo. Resolve a crise de liquidez do sistema sem elevar a oferta de recursos para o tomador final, uma vez que o compulsório de 15% sobre o crédito ainda está valendo.
Ou seja, mesmo que a demanda por produtos industrializados e alimentos seja grande, o dinheiro disponível é só o do 13º salário.
A pressão destes recursos é considerável. Estima-se que R$ 10,5 bilhões serão liberados até o dia 20, mas não chega a assustar as instituições. Até porque a concorrência dos importados deve se constituir em importante arma para a contenção dos preços.
O item mais preocupante, a alimentação, cuja demanda cresce em dezembro, já mostrou sinais de arrefecimento. A volta das chuvas deve ajudar a conter eventuais pressões no custo da alimentação.
O departamento econômico da "Agência Dinheiro Vivo" alerta, porém, que apesar dos índices persistirem indicando queda, o ritmo lento não aconselha expectativas muito otimistas.
Os CDBs prefixados pagavam na semana passada uma taxa-over até mais alta do que a projetada pelo DI futuro na BM&F. Mas só para quem consegue a taxa máxima, ou seja, grandes quantias.
Para volumes menores, os bancos pagam, no máximo, taxa equivalente à do DI futuro. Nesse caso, o pré vale como alternativa de diversificação. Se a inflação ficar estável, ele empata com o CDI. Se for menor do que o mercado espera, dará um ganho extra.
Mas não convém ficar totalmente desguarnecido. Os ativos indexados ao CDI, como o swap CDB/CDI e os fundos DI que dão proteção caso os juros subam, devem compor o porta-fólio.
Pelo menos até o dia 15, quando termina a coleta do IPC-r de dezembro e o BC terá mais subsídios para calibrar os juros de acordo com a tendência da inflação.

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