São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Velhos rivais retomam disputa na Bovespa

RODNEY VERGILI; FIDEO MIYA
DA REDAÇÃO

No xadrez político da sucessão do atual presidente da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Alvaro Augusto Vidigal, o lance decisivo será dado no próximo dia 7, quando os 86 corretores filiados elegem uma das duas chapas que concorrem às vagas de dois membros efetivos e três suplentes do Conselho de Administração da entidade.
Dois velhos rivais voltam a se defrontar na disputa pela presidência da Bolsa de Valores paulista que concentra quase 90% dos negócios com ações no país e movimentou a média diária recorde de US$ 545 milhões nos seus pregões em outubro último.
O novo presidente irá assumir o comando da principal Bolsa brasileira em um ano em que se prevê uma expansão vigorosa do mercado acionário com o ingresso de capitais estrangeiros interessados no programa de privatização e em ações de empresas brasileiras.
Um deles é Luiz Masagão Ribeiro, dono da corretora Indusval, que lidera a chapa da situação apoiada por Vidigal e é integrada pelo atual vice-presidente da Bovespa, Robert John Van Dijk, da Schahin Cury, que é candidato à reeleição como conselheiro efetivo.
O outro é Eduardo da Rocha Azevedo, dono da corretora Convenção e ex-presidente da Bovespa. Ele lidera a chapa de oposição, integrada por outros dois ex-presidentes da entidade –Alfredo Nagib Rizkallah, da Novação, candidato a conselheiro efetivo, e Fernando Luiz Nabuco de Abreu, da Baluarte, que disputa uma das vagas de suplente.
O lance seguinte da sucessão ocorrerá no início de janeiro, quando apenas os nove membros efetivos do Conselho, já renovado, elegerão o presidente.
Masagão, que cultiva a imagem de um corretor "técnico" entre seus pares, afirma que conta com o cacife de todos os quatro corretores que permanecem como conselheiros efetivos, entre eles o atual presidente, Alvaro Vidigal.
Sua chapa reúne também Marco Antonio Suplicy, da corretora Suplicy, Rene Topfstedt, da corretora Bradesco, e Luiz Fernando Gouvea, da corretora Comercial.
Rocha Azevedo, considerado um "político habilidoso" entre as corretoras, porém, espera que prevaleça o trunfo da experiência, por ter reunido em sua chapa quatro ex-presidentes: ele próprio, Rizkallah, Nabuco de Abreu e o ex-presidente da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, Francisco de Souza Dantas, da corretora Cambial.
Tendo completado a sua chapa com Raymundo Magliano Filho, dono de uma das mais antigas e tradicionais corretoras paulista, a Magliano, Azevedo conta também com o apoio do atual presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Manoel Pires da Costa, dono da corretora Patente.
Tanto Azevedo quanto Masagão alegam que a rivalidade não tem "nada a ver" com o caso de Naji Nahas, que está sob julgamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por causa das operações que fazia nas Bolsas de Valores e que desembocaram na crise detonada em junho de 1989 por causa de um cheque sem fundos do então megainvestidor. Na época, a Bovespa era presidida por Azevedo.
Luiz Fernando Gouvea, da corretora Comercial, diz que está concorrendo à uma vaga de suplente no conselho, como forma de representar as corretoras independentes (não ligadas a bancos) na chapa de Masagão, por considerar que é preciso dar continuidade à gestão atual.
Colaborou Fideo Miya.

Texto Anterior: Proposta provoca distorções
Próximo Texto: "Há quatro anos não gostava do que via lá"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.