São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Primeira reação é medo de sofrer alguma represália

Críticas são quase sempre acompanhadas de notas altas

JOSÉ VICENTE BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O medo de represálias diante de opiniões sinceras, mas nem sempre agradáveis, faz com que a maioria dos profissionais relute em analisar o comportamento do superior na empresa.
Quem não passou por uma preparação adequada costuma reagir de forma parecida quando é solicitado a avaliar o chefe. As reclamações costumam ser genéricas, as palavras escolhidas com muita cautela e as notas bem altas.
Perguntado pela reportagem qual nota daria a seu chefe, Luiz Giffoni, 31, disse oito. "Ele deveria distribuir melhor seu tempo para que a comunicação fosse melhor, para que tivéssemos acesso a ele."
Em seguida, Giffoni, que é assessor jurídico na indústria de fertilizantes IAP, mudou de idéia. "Acho melhor subir a nota dele para nove."
O gerente da loja de produtos importados Dollar Worth, Maurício Figueiredo, 28, segue o mesmo estilo.
"Dou nota nove. Meu chefe entende do negócio. Mas temos atritos. Tenho uma visão mais próxima do dia-a-dia. Minhas opiniões muitas vezes são mais corretas, mas é ele quem dá a palavra final. Ele é o patrão", diz Figueiredo. "Só não dou dez porque aí ele seria um pai."
João Luiz Frederico Hanf, 32, motorista da Companhia Brasileira de Alumínio, foi mais objetivo. "Gostaria que ele fosse mais exigente com a higiene e limpeza dos carros." Deu nota oito.
"Uma mudança comportamental como essa exige paciência e persistência, e só será conseguida a médio prazo", diz Farid Chedid, 56, diretor de recursos humanos da indústria química Rhodia.
O que minimizou essa sensação de vulnerabilidade na administradora de cartões de crédito American Express, segundo o vice-presidente de RH Jorge Fornari, "foi a percepção, pelos subordinados, de que os defeitos dos chefes eram geralmente iguais aos seus".
(JVB)

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