São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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TV faz emergir perguntas precoces

SÉRGIO F.C. DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

Tudo começou com os desenhos de Hanna-Barbera. Eu queria de todo jeito integrar o bando do Manda-Chuva (ainda não sabia que eram gatos vadios). Havia o Fred Flintstone e sua barriga, parecida com a do meu pai, e eu achava que ele era da família.
Foi quando descobri que a voz do Dom Pixote era do apresentador de um programa sertanejo que eu odiava. A traição foi demais.
Entreguei-me então às novelas. No início só coisa leve, "O Primeiro Amor". Shazam e Xerife me faziam recordar, com amargura, dos meus amiguinhos. Até que o ator principal morreu –de verdade– e foi substituído. Foi insuportável.
Daí aos filmes foi um passo. Alta madrugada e lá estava eu. Os amigos já me identificavam com a ave que dava nome à sessão noturna. Eu era o Corujão.
Foi o fim. Tudo se misturava em minha mente. O gordinho humorista virava apresentador e tinha os mesmos cabelos de cor de gesso do seu colega do "Jornal Nacional" (que parecia cada vez mais com o Nacional Kid). Já não virava mais o seletor.
Hoje, nada mais me choca. Vagando pelo quarto da empregada, fixo o olhar na palha de aço presa à antena, e sorrio: ao menos eu e o Carlinhos Moreno temos algo em comum.

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