São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Procurador-geral contesta críticas à denúncia

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, afirmou que não quer ser substituído pelos réus no julgamento do ex-presidente Fernando Collor hoje pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Ministros do STF têm declarado, reservadamente, que a denúncia apresentada por Junqueira contra Collor é fraca.
Os juízes de Collor afirmam, sem que seus nomes sejam publicados, que será difícil condenar Collor por corrupção passiva. Na Procuradoria, as afirmações dos ministros são entendidas como uma "desculpa" para inocentar o ex-presidente.
"Vou falar em tom de réplica, porque a defesa já vem sendo feita pela imprensa, aliás, por advogados não constituídos e nem sei se isso é legal. Só espero não ser substituído pelos réus nesse julgamento", afirmou Junqueira.
A tensão do julgamento de hoje levou o procurador-geral a quebrar o jejum de 35 dias sem cigarro. Ele voltou a fumar ontem.
Foram 175 dias entre as primeiras investigações da Polícia Federal, determinadas por Junqueira, até a primeira denúncia contra Collor chegar ao Supremo, em novembro de 1992.
Antes de determinar as investigações, Junqueira telefonou para Célio Borja, então ministro da Justiça de Collor, avisando da atitude que iria tomar.
Junqueira determinou a abertura de inquérito no dia seguinte às denúncias de Pedro Collor.
Nomeação
Junqueira foi reconduzido ao cargo de procurador-geral pelas mãos de Collor, em 1991, depois de terminado o seu primeiro período à frente do Ministério Público.
Outros dois nomes foram analisados pelo governo antes de reconduzir Junqueira ao posto. Junqueira foi considerado "moderado" pela cúpula do governo.
Pesou ainda a favor da escolha de Junqueira a influência do ex-ministro das Relações Exteriores de Collor, Francisco Rezek, amigo antigo do procurador.
O senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), ex-ministro da Justiça de Collor, afirmou que o ex-presidente teria dito, na época, que queria um procurador com liberdade e independência do Executivo.
Passarinho foi o portador do convite oficial de Collor a Junqueira. Segundo o senador, Collor chegou a dizer que queria no cargo uma pessoa que o auxiliasse a fiscalizar o Estado.
Junqueira e Collor se encontraram apenas quatro vezes durante o mandato do ex-presidente, segundo a assessoria de Junqueira.

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