São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Ministro assume que está em fim de gestão

"Perguntem ao Malan", diz ele

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, já está deixando algumas das questões mais polêmicas da economia para o futuro governo. Em entrevista coletiva, no Rio, ontem à tarde, em mais de uma ocasião respondeu: "Perguntem ao próximo ministro".
E ao próximo ministro da Fazenda, o atual presidente do BC (Banco Central), Pedro Malan, Ciro não pretende dar indicações de como proceder.
"O próximo ministro conhece as coisas muito melhor do que eu. Como é que vou orientar o ministro, se é ele e os outros membros da equipe que me orientam?", perguntou.
Uma das tarefas que Ciro já delega à próxima equipe econômica é o fim do IPC-r, o índice de inflação que corrige os salários no real.
Mesmo afirmando que este indexador "tem data certa para acabar" (em julho, segundo a medida provisória do real), ele se exime de responsabilidade.
Perguntado se o IPC-r poderia acabar antes, ele mandou perguntar "ao próximo ministro".
A mesma resposta ele deu quando os jornalistas quiseram saber se haveria renúncia fiscal para melhorar a situação das empresas exportadoras, que dizem estar em dificuldades devido à desvalorização do dólar frente ao real.
Também caberá ao seu sucessor no cargo decidir se a importação por via postal será mantida ou será extinta. Empresas nacionais estão reivindicando o fim deste tipo de importação porque não haveria como concorrer com os produtos que vêm de fora.
Não foi só ao passar a bola para Malan em algumas questões econômicas que Ciro mostrou que o governo Itamar Franco –e sua gestão à frente do ministério– já dá demonstrações de estar no fim.
A programação oficial de Ciro no Rio de Janeiro ontem –uma segunda-feira normal de trabalho– tinha apenas dois eventos. O primeiro, a reinauguração de uma agência do Banco do Brasil na sede do ministério da Fazenda. A outra, o lançamento de seu livro "Ciro Gomes no país dos conflitos".
No Banco do Brasil, depois de ouvir os discursos de inauguração, dirigiu-se aos funcionários do banco desejando "um feliz Natal e um ano novo cheio de realizações".
À noite, o jantar seria no restaurante Grottamare, na fronteira de Ipanema com Copacabana, zona sul do Rio, onde estariam reunidos os jornalistas que o entrevistaram para o livro e sua mulher, Patrícia.

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