São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994 |
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Sobrevivente não quer reconhecer seus agressores
SERGIO TORRES
Santos sobreviveu à chacina da Candelária, ocorrida em julho do ano passado. Nela, foram mortos oito meninos de rua. Para o promotor Maurício Assayag, do 2º Tribunal do Júri, Santos é a principal testemunha do massacre. Com medo de nova investida dos homens que tentaram matá-lo, Santos hesita em participar de um reconhecimento, apesar de descrever três dos seis homens que o abordaram no Terreirão, na Cidade Nova (centro do Rio). "Se eu vir reconheço, mas acho que não vou querer reconhecer não", disse ele. Na enfermaria de traumatismo buco-maxilo-facial do Souza Aguiar, outros pacientes brincam com Santos, dizendo que ele tem "o corpo fechado". Na chacina da Candelária, Santos resistiu a três tiros, um deles alojado na cabeça até hoje. Desta vez, Santos foi baleado seis vezes. Quatro dos tiros ainda estão na região de sua face direita. Outros dois o feriram nas costas. Santos contou que às 21h30 de sexta-feira pegou um ônibus na estação ferroviária Central do Brasil. Ia à Mangueira (zona norte) participar de um pagode. Perto do Terreirão, viu que estava no ônibus errado e decidiu saltar. Quando desceu, seis homens que se diziam policiais o teriam abordado, acusando-o de assaltar o ônibus. Santos disse que foi algemado e espancado. Um dos homens, ao examinar os documentos, disse ter reconhecido o "Wagner da Candelária". A seguir, três dos supostos policiais o teriam levado a pé até o terminal de ônibus nos fundos da estação. Lá, o teriam empurrado e disparado várias vezes com um revólver calibre 38. Santos descreveu o autor do tiro como negro, alto, de cabelos curtos. Estava acompanhado de um branco forte, calvo, cerca de 35 anos e de um moreno com idade entre 23 e 25 anos. No fim da tarde, a Polícia Civil enviou ao hospital dois policiais para proteger a vítima. Texto Anterior: Mulher pode fazer revista em homem Próximo Texto: Brasil leva dois prêmios no festival de Havana Índice |
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