São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Collor recebe amigos e diz que 'não comemora'

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente Fernando Collor de Mello só se manifestou sobre o julgamento que o absolveu à noite, através de uma nota de 26 linhas lida por um de seus advogados, Fernando Neves.
Na nota, Collor diz que a defesa feita no Supremo Tribunal Federal era "exatamente a mesma" que apresentou ao Senado dois anos atrás, na sessão que o tornou inelegível por oito anos.
"Hoje, passada a emoção daquele momento, foi possível uma análise acurada do processo, o que levou à minha absolvição", disse.
Ontem, o ex-presidente "riu com muita satisfação", nas palavras do senador Áureo Mello (PRN-AM), quando este lhe comunicou que pretende apresentar projeto em que o anistia da inelegibilidade. (leia texto à pág. 1-10)
Collor passou o dia sem sair da Casa da Dinda. Os amigos começaram a chegar pouco antes do final do julgamento que o absolveu.
Quando foi concluído o voto do ministro Octávio Gallotti, último e a favor do ex-presidente, a porta da casa ficou congestionada de amigos, jornalistas e curiosos.
Os primeiros a chegar foram o primo e cunhado de Rosane Collor, deputado Vitório Malta (PPR-AL), e sua mulher, Rosânia.
Depois vieram Cláudio Vieira, com os longos cabelos molhados, o ex-secretário particular Luiz Carlos Chaves e o cinegrafista Joedson Oliveira, que trabalhou com Collor na Presidência.
Eunícia Guimarães e o marido, José Carlos, além do jornalista Sebastião Neri, completavam o grupo de colloridos fiéis.
Poucos parlamentares foram cumprimentar Collor. Só o senador Áureo Mello, da "tropa de choque" de Collor e os deputados Ivan Burity (PFL-PB) e Carlos Virgílio (PPR-CE).
No início da noite, mais amigos chegaram à Dinda, apesar do ex-presidente dizer que não estava comemorando: o empresário Luiz Estevão e a mulher, Cleucy, e o ex-presidente da Embratur, Ronaldo Monte Rosa e a mulher.
Estevão disse que Collor quer evitar o clima de comemoração e que o ex-presidente pode viajar nos próximos dias.
Leia a seguir a íntegra da nota distribuída ontem pelo ex-presidente Fernando Collor:
"Aos jornalistas
Sempre confiei na Justiça de meu País.
A defesa que apresentei ao egrégio Supremo Tribunal Federal foi exatamente a mesma levada ao plenário do Senado da República, dois anos atrás, em sessão que cassou minha cidadania.
Hoje, passada a emoção daquele momento, foi possível uma análise acurada do processo, o que levou à minha absolvição pelos senhores ministros de nossa mais alta corte.
Continuo com a mesma serenidade de que me valho, sobretudo ao longo desses últimos penosos anos.
Ao lado de amigos, não comemoro. Apenas partilhamos de uma satisfação íntima por sabermos que, afinal, foi feita justiça.
Agradeço a Deus, aos meus familiares e a todos que me acompanharam, solidários, nesta provação.
Agradeço aos meus advogados, Dr. Evaristo de Moraes Filho, Dr. Cláudio Lacombe e Dr. Fernando Neves da Silva, por terem conseguido, com abnegação e sabedoria, chegarmos a este dia.
F. Collor
Brasília, às 20h20 do dia 12/12/94"

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