São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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PC pode sair da prisão hoje

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O empresário Paulo César Farias, o PC, poderá sair da prisão ainda hoje, como pretendem os seus advogados. São duas as hipóteses para que isto aconteça.
Na primeira, o STF o absolve nas duas etapas restantes do julgamento, no qual serão analisados os crimes contra a administração da Justiça (coação de testemunhas etc) e falsidade ideológica.
Na segunda, PC é absolvido no crime contra a administração da Justiça, que começou a ser julgado ontem, e o STF acata pedido dos seus advogados para que o crime de falsidade seja julgado na Justiça Federal (primeira instância).
O empresário alagoano está preso devido a um decreto do Supremo, que alegou falta de confiança em PC, que havia fugido do país.
Caso o pedido dos advogados (levar a última etapa do julgamento para a primeira instância) seja atendido, sai da esfera do STF as decisões sobre a vida do empresário. Nesse caso, um requerimento de relaxamento de prisão teria muita chance de ser aceito.
Os advogados Nabor Bulhões e DÁllembert Jaccoud, defensores de PC, pedem para que o cliente seja julgado em primeira instância com o seguinte argumento:
"Com a absolvição do ex-presidente não faz mais sentido a conexão desse crime (falsidade ideológica) com o processo que julgava o Collor". PC só está sendo julgado pelo STF porque cabe a este tribunal julgar os casos que envolvem presidentes e ex-presidentes da República.
Havia um segundo pedido de prisão preventiva para PC -por crime de sonegação fiscal–, mas foi derrubado na Justiça Federal.
'Me livrei do pior'
"Não está nada ganho, mas me livrei do pior, que é ser chamado de corrupto", disse ontem o empresário Paulo César Farias, ao ser informado de que havia se livrado do crime de corrupção passiva.
Na opinião de PC, a decisão do Supremo Tribunal Federal alivia um pouco a sua imagem, que virou símbolo de toda a corrupção recente do país.
O ex-tesoureiro responde ainda, na continuidade do julgamento, aos crimes de falsidade ideológica (criação de "fantasmas" bancários) e contra a administração da Justiça (coação de testemunha, obstrução e supressão de documentos.
O empresário tem ainda pela frente uma série de 30 inquéritos em andamento na Polícia Federal, que o acusam pela montagem de um suposto esquema para usufruir de negócios entre empresários e o setor público.
Para o deputado federal Augusto Farias (PSC-AL), um dos sete irmãos de PC Farias, a primeira vitória ontem no STF pode significar o recomeço para toda a família.
"Foram três anos debaixo de pedra. A gente até andava esquecido do que significa vencer alguma coisa", disse o deputado.

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