São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994 |
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Batman e Robin contra o dragão
LUÍS NASSIF
Até agora, as avaliações sobre o governo Fernando Henrique Cardoso baseiam-se muito mais em suposições do que em fatos concretos. Há sinais positivos, como as indicações de Reinhold Stephanes para a Previdência e do médico Adib Jatene para a Saúde. Há indícios promissores, no vazamento de informações, sobre mudanças na área social do governo –um dos pilares das práticas corporativistas da República. Mas na área essencial das reformas econômicas e políticas, os sinais não eram positivos. FHC tem plena razão em defender a idéia de processo na gestão pública. Todo processo bem sucedido depende em 5% da concepção e 95% da implantação. Mas há que se separar o processo dos cortes institucionais. Se não fizer nada, o melhor período do governo FHC será os seis primeiros meses. Se aproveitá-los bem, o melhor período passará a ser os últimos seis meses. Portanto, início do governo tem que ser aproveitado da maneira mais eficiente possível para implementar as mudanças estratégicas. Depois, consolida-se o processo. O futuro presidente tem a noção correta da estratégia política a ser adotada. É suficiente tático e cauteloso para atacar os problemas por partes, reestruturando alianças a cada nova etapa do ajuste. Os ajustes de modernização econômica passam por alianças com a direita. Os de modernização política, por pactos com a esquerda. Mas falta-lhe a visão econômica adequada para selecionar as prioridades. As preocupações da atual equipe econômica restringem-se a questões monetárias e cambiais. E economia é um organismo extremamente mais complexo que a mesa de câmbio do Banco Central. É aí que entra o senador José Serra. No plano estratégico, dispõe de uma visão econômica abrangente sobre as questões estruturais da economia. No plano das expectativas, representa a melhor garantia de empenho na busca de resultados efetivos. No plano operacional, dispõe de equipe e senso gerencial para ajudar a reforçar a estratégia da estabilização. Não fosse o risco de parecer boutade, diria que FHC e Serra poderão se converter no Batman e Robin da nossa economia –dupla muito amiga e eficiente e, segundo os especialistas, eventualmente sujeita a pequenos ataques de ciúmes. Texto Anterior: Venezuela estatiza bancos Próximo Texto: Greve dos Correios pára 93% das agências em SP Índice |
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