São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994 |
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O extraordinário
NELSON DE SÁ
Ontem, um dia depois do anúncio do ministério, o ministro extraordinário começou a surgir na televisão e confirmou o quanto se opõe ao projeto possível ou realista, não mais real, do governo Fernando Henrique. Esteve em todas as redes de televisão, inclusive a Globo, ainda que no sinal de São Paulo, no Globo Esporte. Falou à sua maneira, enlevado, sem os pés no chão, o que sempre provoca a reação das pessoas práticas, como ocorreu diante dos comentários da Copa ou diante das suas observações políticas, desde sempre. Foram dizeres simples, alguns de jogador antes da partida, do tipo "com fé em Deus, tenho certeza de que vou fazer um bom trabalho". Também obviedades, do tipo "sempre briguei pelo esporte de base e o meu trabalho, a minha bandeira vai ser essa, porque o esporte convoca a maioria dos jovens, para que possamos tirá-los das ruas. Tudo simples demais e sem objetividade. Tão simples, que se aproxima do grandioso, algo de que o ministério possível não é capaz. Um exemplo, noutro dizer de Pelé, na Cultura: "Todos os países que venceram, os países grandes, todas as grandes épocas, Grécia, Roma, Estados Unidos, a Rússia. Todos tiveram no esporte uma base de saúde. Por que não o Brasil?" Está aí, o idealismo, até um certo sebastianismo, em meio ao governo possível. Corrupção, ilegalidades Para que ninguém pense que é fraco ou ingênuo, Pelé distribuiu mais do que sonhos, ao falar como futuro ministro. Adiantando-se aos que vão criticar as viagens e a falta de tempo para o governo, avisou, violento, "quem tem tempo é vagabundo". Questionado sobre Ricardo Teixeira, declarou, mas não saiu na Globo. "Lutei e vou lutar sempre pela honestidade. Neste novo rumo do Brasil, os ministros não vão aceitar corrupção, não vão aceitar ilegalidades. E eu não vou aceitar também. Simples de tudo, disse a que veio. Texto Anterior: Aeronáutica entra na operação Próximo Texto: Militares poderão prorrogar ação Índice |
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