São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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Zagalo inicia afastamento do time-base tetracampeão

MARCELO DAMATO
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O jogo da contra a seleção da Iugoslávia marca o início do fim da geração que foi à Copa da Itália, quatro anos atrás.
Quase todos aqueles jogadores, base da equipe tetracampeã mundial nos Estados Unidos, devem sair, aos poucos, deixados de lado nas novas convocações.
"Vários terão 34, 35 anos na Copa da França. É difícil que, ao todo, tenham condições de jogar na seleção", diz o técnico Zagalo.
Mas alguns jogadores tetracampeões não pensam assim. "A base da Copa dos Estados Unidos tem que ser mantida", diz o lateral-direito Jorginho.
Nos próximos quatro anos, ele terá pelo menos três concorrentes: os são-paulinos Cafu e Pavão e o vascaíno, Bruno, seu reserva no amistoso de hoje.
O Brasil na Copa de 94 tem um ponto em comum com o Brasil do tri –na Copa de 1970 (México). Em ambos os casos, a conquista sucedeu um fracasso da mesma equipe-base na Copa anterior.
Zagalo foi o técnico na Copa posterior ao tricampeonato, em 74, na Alemanha. Tentou o máximo que pôde manter a base da seleção de 70. Não conseguiu –só um titular, Rivelino, se manteve– e a seleção ficou em quarto lugar.
Desta vez a renovação começou antes. Já visa à Olimpíada de 1996, em Atlanta, nos EUA.
O técnico da seleção deu preferência a jogadores de 18 a 22 anos, que podem ir aos Jogos Olímpicos. Em 1988, na Copa da França, terão de 22 a 26 anos.
Para Zagalo, não existe uma geração perdida no futebol brasileiro. "23 anos é uma idade ótima para se jogar na Copa." Antes da disputa dos EUA, dissera que a idade ideal era 26, 27 anos.
O planejamento da CBF prevê uma renovação suave, ao contrário do que está fazendo o argentino Daniel Passarella. Zagalo quer que os novatos usem os tetracampeões como modelo. "Vamos mesclar jogadores das duas gerações".
Em algumas posições, como a lateral direita, a renovação deve ser fácil. Na outro lateral, também não deve haver problema. Do mesmo modo, estão surgindo atacantes, volantes e até meias, o problema maior da última Copa.
Desta vez o buraco está no meio da defesa. Zagalo não vê substitutos à altura para os zagueiros da Copa dos EUA.
Por isso, a dupla Aldair e Márcio Santos deve continuar. Márcio Santos, aliás, como tem 25 anos, pode ir à França sem problemas. Já Aldair terá quase 33 anos naquela ocasião.
A CBF deve aproveitar os amistosos para acelerar a renovação. Fora das competições oficiais, os "estrangeiros" não serão chamados. "E como não teremos tempo para treinar, o time-base para os torneios será obtido a partir desses amistosos", afirma Zagalo.
Alguns jogadores já pensam em voltar ao Brasil. Dunga disse esta semana que gostaria de voltar ao Rio de Janeiro, onde atuou pelo Vasco.

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