São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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Weffort defende Estado protecionista na cultura

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

A política cultural do novo governo estará mais para o protecionismo do francês François Mitterrand do que para o liberalismo da inglesa Margareth Tatcher.
A garantia foi dada na noite de anteontem pelo futuro ministro da Cultura, o ex-petista Francisco Weffort, a cerca de cem profissionais de cinema e vídeo no Rio.
A reunião ocorreu no salão nobre do hotel Marina Palace, no Leblon (zona sul). Weffort se confessou um leigo no assunto e pediu propostas para sua atuação.
Ao final do encontro, Weffort se mostrou convencido da necessidade de regular o mercado do cinema para enfrentar o oligopólio das distribuidoras americanas.
Cineastas como Zelito Vianna, Ana Maria Magalhães, Cacá Diegues, Luiz Carlos Barreto e Ana Carolina pediram a Weffort rigor na fiscalização de leis que protegem o cinema nacional.
"Tatcher transformou a Inglaterra em quintal dos filmes americanos. O Jack Lang (ministro da Cultura) seguiu outro caminho e fez do cinema francês o único com representação no resto do mundo", disse a cineasta Mariza Leão.
"Sou muito mais a favor do Lang. Ele mostrou que a cultura deve ser relacionada a tudo que é desenvolvimento do país exatamente pela globalização da economia", disse o futuro ministro.
Weffort afirmou ter certeza de que FHC "está mais para Mitterrand do que para Tatcher" e disse que "até os neoliberais" têm de entender a necessidade de fortalecer a cultura nacional na internacionalização da economia.
Weffort aceitou a sugestão de propor ao presidente a criação de um grupo executivo interministerial para estimular a indústria cinematográfica, como já foi feito com a automobilística e a siderúrgica.

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