São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Saudades

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – Já não se fazem mais escândalos ministeriais como os de antigamente. As crises em relação ao gabinete FHC são tão pífias que beiram (ou até ultrapassam) o ridículo.
Tome-se o "escândalo dos paulistas demais". Todo o mundo que está falando do assunto (meios de comunicação e personalidades) sabe que não é nada disso. Os ministros paulistas não são ministros porque paulistas, mas porque amigos do rei ou, em alguns casos, "notáveis".
Só alguém dotado de QI inferior ao da ostra poderia imaginar, por exemplo, que Sérgio Motta deixaria de ser ministro se fosse afegão, bósnio ou marciano. É ridículo.
Escândalos eram os de antigamente, quando se suspeitava de um ministro não por ser paulista, mas por ser acusado de ladroagem ou até de assassinato (e nem foi tão antigamente assim, lembra-se?).
Tome-se agora o escândalo do "ministro por um dia" Bresser Pereira. Vá lá que é engraçado, menos para a vítima, o cidadão acordar chanceler da República e ir dormir chefe de pessoal da República. Mas escândalo pelo Itamaraty?
Qualquer jornalista que tenha passado mais de dois meses trabalhando na área política já escreveu, ao menos uma vez, que "o Itamaraty não dá voto". Se não dá voto, não dá escândalo político.
Escândalo dos bons mesmo foi o "ministro por menos de um dia" Tasso Jereissati, que, nomeado por Sarney, foi "desnomeado" por Ulysses Guimarães, no berro. E olhe que Tasso seria ministro da Fazenda na sucessão de ninguém menos do que Dilson Funaro, o pai do Cruzado, único parente próximo do Real.
Não é, entretanto, falta de assunto dos jornais. É excesso de previsibilidade. Dez dos 20 ministros, exatamente os principais, já tinham seus nomes na Folha, como tais, no dia 4/10, um dia depois da eleição. É óbvio que a voltagem das emoções na composição do novo ministério caiu sensivelmente.
Não é à toa que a passagem da Ufir de mensal para trimestral vira manchete. Acho que está na hora de virar cronista esportivo.

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