São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Diplomata desiste de ser porta-voz de FHC

GABRIELA WOLTHERS; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cinco dias da posse, o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, fez uma nova alteração na equipe de seu futuro governo. O embaixador Sérgio Amaral não será mais seu porta-voz.
Além de ter que encontrar um substituto para o cargo, FHC corre contra o tempo para preencher o último cargo de primeiro escalão ainda vago –a presidência do Conselho da Comunidade Solidária, responsável pela área social.
O nome mais cotado para presidir o conselho é o da economista Ana Maria Peliano, chefe de políticas sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), fundação vinculada à Secretaria do Planejamento.
A desistência de Amaral de ocupar o cargo de porta-voz foi anunciada ontem pela assessoria de FHC. O embaixador é atualmente o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda.
Segundo a versão destes assessores, Amaral afirmou ao presidente eleito que preferiria permanecer em sua área de atuação.
Ele deve ocupar a Secretaria de Comércio Exterior, hoje vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio. Nos estudos da equipe do governo de transição de FHC, existem planos de levar esta secretaria para o Ministério da Fazenda. Assim, Amaral continuaria em seu "habitat".
A Folha apurou que um outro fator foi decisivo para Amaral mudar de idéia –a criação da Secretaria Nacional de Comunicação Social, que será chefiada por Roberto Muylaert.
Esta secretaria será responsável por toda a área de comunicação e publicidade do governo. Apesar de FHC ter deixado claro que Amaral não seria subordinado a ela, o embaixador considerou que a função de porta-voz ficou "esvaziada".
O presidente eleito ainda não tem um nome definido para substituí-lo, mas permanece com o intuito de nomear um diplomata para o cargo –ao invés de um embaixador, a escolha pode recair sobre um conselheiro.
FHC irá consultar o futuro ministro das Relações Exteriores, Luís Felipe Lampreia, para tomar uma decisão.
Com relação ao Conselho da Comunidade Solidária, a presença de Ana Maria Peliano já é considerada certa entre os tucanos. Se não for para a presidência, a economista poderá ocupar a vaga de secretária-executiva do órgão.
Peliano já integra o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), que será substituído pelo Conselho da Comunidade Solidária.
Ela também participou da elaboração do chamado Mapa da Fome, que detectou a existência de 32 milhões de brasileiros vivendo em situação de miséria.
Em outubro, logo depois da eleição, a economista –integrante do governo de transição– repassou ao presidente eleito um relatório completo sobre a situação do Ministério do Bem Estar Social e foi uma das defensoras da extinção da pasta.

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