São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994 |
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Crise do México não afeta Brasil, diz equipe
CLÓVIS ROSSI
A frase foi "1929 nunca mais". Alusão à crise norte-americana daquele ano, que reverberou com intensidade em todos os países do mundo. Com essa comparação, Gustavo Franco estava querendo sinalizar a seus companheiros do próximo governo que a quebra do México não significa que todos os países latino-americanos serão atingidos por uma eventual "greve de investidores", expressão usada pelo jornal britânico "Financial Times". A expectativa exposta na reunião é exatamente a oposta, ou seja, a de que entrem recursos externos, em 95, em maior quantidade do que em 94. A discussão ocorreu na semana passada, convocada pelo presidente eleito Fernando Henrique Cardoso, presentes membros da atual equipe econômica, que permanecem no cargo, e futuros ministros como José Serra (Planejamento). O argumento da atual equipe econômica em relação ao câmbio é o mesmo que o ministro Ciro Gomes expôs reiteradas vezes: a paridade real/dólar não é uma decisão de governo mas um efeito da inexorável lei da oferta e da procura. Como há abundante oferta de dólares, o natural é que a cotação da moeda norte-americana caia ou se mantenha baixa. "O problema, para 1995, é não deixar a taxa de câmbio cair mais e não o de promover uma maxi-desvalorização do real, o que é delírio", é a avaliação da equipe, sempre conforme o apurado pela Folha. O risco de que ocorra no Brasil algo semelhante ao que houve no México é tido como desprezível, dadas as diferenças nos números que Gustavo Franco levou à reunião. O México tem um déficit em conta corrente (exportações menos importações mais a conta de serviços) da ordem de 9,6% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda nacional). Fica, portanto, extremamente vulnerável à decisões dos investidores externos. Já o Brasil terá, este ano, superávit na conta corrente equivalente a 0,5% de seu PIB. Texto Anterior: Cai o volume de negócios nas Bolsas Próximo Texto: Peso volta a se desvalorizar Índice |
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