São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Demme violenta os clichês

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Se a violência permite metáforas, "O Silêncio dos Inocentes", do diretor Jonathan Demme, é por excelência um caso clássico. No filme, que a TV exibe hoje (Globo, 23h45), tudo serve para explicar a história de uma agente do FBI que tem como missão tentar capturar um "serial killer".
Mas como em todo tipo de comparação (e o cinema possibilita as mais criativas) existe sempre uma espécie de miopia presente, se arriscando a reduzir um filme apenas a uma qualidade ou defeito possível.
"Silêncio" não é então mais um filme sobre a violência, ou ainda mais um leitura clínica, freudiana, sobre o ser desajustado que mata sem reflexão. Mas um filme que usa a violência menos como efeito, mas sim como um cenário onde todas as relações se efetuam.
Um cenário que passa a ser o lugar da recriação do modelo mestre-aprendiz, onde aquele que ensina é um homem com total desrespeito pela humanidade. E aquela que aprende, um mulher que tem como função primeira zelar para que essa mesma humanidade não se perverta.
"O silêncio dos Inocentes" funciona, pelo talento de seu diretor e grandeza de seus atores, como uma alternativa ao thriller rasteiro. E também como um modelo exemplar da violência do desejo. Ou ainda qualquer metáfora que se escolha.

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