São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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O Rio e FHC

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – À margem da choradeira pela falta de cariocas no ministério FHC, há pelo menos dois aspectos que valem ser mencionados, já agora a apenas poucos dias do novo governo.
O primeiro deles, alvissareiro, foi a manifesta preocupação do novo presidente com a situação da cidade e do Estado do Rio, combalidos por causa de um esvaziamento econômico persistente e envolto com uma situação de conflagração social que nem o Exército, aparentemente, consegue dar jeito.
Fernando Henrique disse que vai contribuir para que o jeito seja dado, e aí surge o segundo problema.
É mais que sabido que a atividade econômica símbolo do Rio de Janeiro é o turismo. Atividade mais comprometida –principalmente em seu fluxo oriundo do exterior– pela fama de Rio-cidade-violenta.
Pois bem, se a recuperação da cidade passa necessariamente pela solução do problema da violência –pelo menos a diminuição dos níveis absurdos em que se encontra–, ela depende também da maneira como o turismo será tratado pelo próximo governo.
Mas, até agora, a única sinalização no sentido dessa atividade econômica por FHC foi uma não-sinalização. Sim, porque quando anunciou seu ministério, o novo presidente disse que Dorothéa Werneck será a ministra da Indústria e Comércio. Só.
Acontece que, até eventual modificação, o ministério continua sendo da Indústria, Comércio e Turismo.
Das duas, uma: ou houve uma falha por parte de FHC e assessoria, que redundou no "esquecimento" do turismo, ou mudará o ministério.
Seja como for, a preocupação permanece. Porque não se conseguirá levantar o Rio, retomar seu prestígio internacional, reativar a economia local sem um carinho muito grande dedicado ao setor.
Com ou sem ministério, o turismo é fundamental para o Rio de Janeiro. Talvez seja até melhor que ele fique distante das já fartas preocupações dedicadas à indústria e ao comércio. Desde que frequente as prioridades presidenciais.

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