São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Soldados querem sair do Cáucaso

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tenho medo de ficar louco, disse Alexander R., piloto da Força Aérea russa em ação na Tchetchênia. A declaração do piloto, que pediu para não ser identificado, reflete o baixo moral das tropas russas no Cáucaso.
Se nossos generais falassem um pouco menos e dissessem menos disparates enfrentaríamos menos vergonha e se derramaria menos sangue no país, disse Alexander ao jornal Notícias de Moscou.
O piloto disse que os comandantes haviam garantido à tropa que a população não ficaria em Grozni logo que começassem os ataques. Os altos mandantes militares insistiram em que só haveria bandidos e guerrilheiros na cidade. Também nos explicaram que os tchetchenos haviam tirado todos os russos da capital e os tinham levado para as montanhas, onde eles eram mantidos como reféns, disse o militar.
O piloto diz que começou a sentir todo o horror do que ocorria na Tchetchênia quando ouviu o que dizia Sergei Kovaliov, assessor de direitos humanos de Ieltsin que está em Grozni há duas semanas.
Quanto mais durar esta loucura mais gente perceberá em que história nos metemos. Enquanto isso, a tensão psicológica se alivia com a vodca, disse Alexander. A maioria de meus companheiros pilotos está esperando desesperadamente uma ordem para a cessação das hostilidades. Ninguém quer seu nome desonrado.
Alexander diz também que é impossível falar de bombardeios de precisão em Grozni, como faz o governo russo. Seriam imprescindíveis 200 horas de vôo anuais de treinamento no mínimo para um piloto estar em condições de fazer um bombardeio de precisão. No meu caso, só fiz 32 horas de vôo neste ano e é um número incrivelmente alto para a prática da aviação russa hoje em dia, disse.
Segundo o jornal, também comandantes hesitam em agir na Tchetchênia. O general Ivan Babichev teria se recusado a atirar em civis que impediam o avanço de sua coluna. O general partiu da Inguchétia com destino a Grozni. A cerca de 40 km da capital tchetchena foi detido por civis que se puseram na estrada.

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