São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Encruzilhada política preocupa investidor

ANTONIO CARLOS SEIDL
DE LONDRES

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, está numa "encruzilhada política". Se não conseguir apoio do Congresso para a aprovação do Orçamento de 1994 dentro da revisão constitucional –"último suspiro de vida de seu programa antiinflacionário"–, deve renunciar imediatamente.
Esta é a avaliação da "City" –o centro financeiro britânico– sobre as "tênues" chances de sucesso do Plano FHC para a estabilização da economia brasileira. Segundo essa avaliação, FHC, de mãos atadas pelos políticos, só tem um caminho a seguir: lutar por suas reformas "ortodoxas" e "sensatas" como candidato à Presidência da República".
Remédio FHC
Resumindo a opinião dos investidores institucionais britânicos, Stephen Rose, presidente da Stephen Rose & Partners, disse que "o país tem que tomar o remédio FHC para realizar seu enorme potencial".
"O problema é que com a liderança inefetiva do presidente Itamar Franco e com um Congresso sem vontade política, a probabilidade da tomada de decisões difíceis é muito pequena e o tempo não está do lado de Fernando Henrique", disse à Folha.
Na opinião de Stephen Rose, as perspectivas econômicas no Brasil são negativas.
"O Brasil", disse, "está confirmando sua reputação de imprevisilidade oferecendo ao mundo um coquetel intoxicante de um megapotencial econômico, instabilidade política aguda, um setor privado altamente competitivo, inflação de 40% ao mês e escândalos de corrupção a la italiana".
Segundo Rose, para os investidores institucionais britânicos, o Brasil continua na corda bamba. "Se o Orçamento, o ajuste fiscal e a revisão constitucional alcançarem algum grau de sucesso, o mercado de ações vai receber volumes recordes de investimentos externos, passando a ser o grande destaque entre os chamados mercados emergentes", disse.
Para ele, a questão é o que vai acontecer em caso contrário, hipótese na qual inclui a renúncia de FHC. "A combinação de um governo ineficaz -por mais um ano ainda- com altas taxas de juros, recessão econômica, escândalos de corrupção e a sombra de Lula pode ter consequências devastadoras", disse.
"É bom não esquecer que o mercado de ações brasileiro teve quedas de 50%, em termos de dólares, quatro vezes nos últimos cinco anos", afirmou.
ACS

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