São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
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Sem-terra desocupam fazenda em Getulina sem oferecer resistência

ULISSES DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Os sem-terra que invadiram na última segunda-feira a fazenda Jangada, em Getulina (SP), começaram ontem a deixar a propriedade. A desocupação pacífica começou às 7h15, mas até as 18h20 não tinha terminado. A polícia estimou que 300 famílias invadiram a fazenda. Os sem-terra diziam que 2.300 famílias estavam no local.
A retirada ocorreu sem incidentes. Segundo o capitão Antonio Sérgio Marsola, às 5h a polícia convenceu os sem-terra a sair da fazenda. Cerca de 1.200 soldados estavam na região. Benedito Aparecido foi o primeiro a deixar a propriedade. Estava com a família e dirigia um trator. Ele disse que ficou com medo que acontesse "alguma violência" no despejo. Os sem-terra saíram nos próprios carros e em caminhões cedidos por Antonio Ribas, dono da fazenda.
Muitos preferiram deixar o local a pé e percorreram 13 quilômetros até as margens da rodovia que liga Getulina a Tupã, onde iniciaram a montagem de um acampamento.
Vários invasores saíram da fazenda reclamando da ausência de lideranças do Movimento dos Sem-Terra para negociar com a polícia a permissão para acampar na região. Policiais afirmaram que as lideranças dos sem-terra deixaram a área após o conflito de anteontem. Rafael Ortelhado, pai adotivo de dois empregados da fazenda, foi morto durante o choque com os sem-terra. O delegado seccional de Lins, Alvaro Cardin, 52, disse que a polícia ainda não tem suspeitos pela morte de Ortelhado, enterrado ontem em Campo Grande (MS). Nenhum sem-terra quis falar ontem sobre o caso.

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