São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petrobrás mantém repasse de ganhos

DA SUCURSAL DO RIO

O superintendente de Planejamento da Petrobrás, José Fantine, informou ontem que, enquanto os preços internacionais do petróleo estiverem abaixo da estrutura interna de preços dos combustíveis, os ganhos da empresa serão repassados à população. Só em janeiro, quando essa política começou a ser adotada, a diferença entre os dois preços representou para o mercado consumidor um ganho equivalente a US$ 18 milhões.
O repasse concedido ao consumidor pela Petrobrás serviu, também, como argumento para o superintendente contra a quebra do monopólio estatal do petróleo. "Se não houvesse uma estatal como a Petrobrás isso jamais poderia acontecer", disse Fantine.
O valor do repasse, de acordo com a explicação de Fantine, foi o resultado da diferença de US$ 1,5 entre o preço de estrutura em dezembro (US$ 15,00 por barril) e o preço do petróleo importado (US$ 13,50 o barril). Diariamente, o Brasil consome 400 mil barris do produto vindo do exterior, o equivalente a US$ 600 mil. O repasse foi uma determinação da área econômica do governo, incluída na política de combate à inflação.
Ontem, o superintendente deu entrevista para rebater as afirmações feitas pelo presidente da Shell do Brasil, Omar Carneiro da Cunha, e do escritor norte-americano Daniel Yergin, defendendo a queda do monopólio do petróleo no Brasil. "Estes senhores estão defendendo apenas o interesse das multinacionais", afirmou Fantine.
Na avaliação do superintendente, "a queda do monopólio significará preços superiores". Segundo Fantine, no caso da revisão constitucional acabar com o monopólio estatal no setor, o mercado no Brasil ficará dividido entre Shell, Esso e Texaco, que vão administrar a reserva potencial de petrólo do país, estimada em US$ 450 bilhões.
"Esta história de dizer que com o fim do monopólio o Brasil tem mais chance de desenvolvimento é uma falácia, uma enganação", disse Fantine. Segundo ele, as multinacionais são tão ruins para pagar "royalties" e dividendos, que saíram de todos os países onde tinham concessões, como Arábia Saudita, Kuait, Iraque, e Irã.

Texto Anterior: Senado deve 'amenizar' anistia rural
Próximo Texto: Lula faz discurso moderado a empresários
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.