São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Fertilização britânica tem preço em óvulo

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

Uma oferta de troca de óvulos humanos por tratamento de fertilidade está provocando polêmica no Reino Unido. Uma clínica ofereceu a uma mulher um tratamento de fecundação artificial em troca de óvulos, que seriam usados em outras pacientes. A prática não é proibida, mas está sendo considerada antiética.
O caso aconteceu no hospital de Washington, uma pequena localidade no norte da Inglaterra. Sue Burton, 34, informou ao hospital que não poderia continuar o tratamento de fertilidade que estava realizando por falta de dinheiro.
O tratamento custa cerca de US$ 3.000 para cada tentativa de inseminação artificial. Burton já havia se submetido a duas tentativas, que acabaram fracassando.
O hospital propôs então realizar o tratamento gratuitamente desde que Burton cedesse alguns de seus óvulos, que seriam usados para tratar outra paciente. A escassez de óvulos é um dos problemas mais comuns de inseminação artificial.
O Ministério da Saúde britânico determinou uma investigação sobre o caso. O código de conduta para tratamento de fertilidade no país diz que "os únicos benefícios que podem ser oferecidos para a doação de óvulos são tratamento e esterilização".
Muitos especialistas, porém, acreditam que isso é antiético. "Isso usa a mulher como uma espécie de fazenda para produção. É tratar as crianças como produtos", afirmou Phyllis Bowman, diretora da Sociedade para Proteção das Crianças Não Nascidas".
"É uma questão complicada. O importante é saber se não houve coação", disse à Folha Flora Goldhill, diretora do órgão que fiscaliza terapias de fertilidade no país.
RU-486Uma clínica britânica afirmou ontem que vai fornecer a pílula abortiva a mulheres estrangeiras que quiserem abortar. A pílula, desenvolvida na França, é proibida na maior parte da Europa e nos EUA. Somente pacientes da clínica terão acesso à pílula, dentro de "um controle rígido", afirmou uma porta-voz.
Órfão de proveta
Na Itália, um homem conseguiu, através da justiça, não ser mais reconhecido como pai de um bebê de proveta. O homem, infértil, criou a criança com a esposa, fecundada com espermatozóide de um doador. O casal está separado.

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