São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Sarajevo será liberada hoje, dizem os sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder dos rebeldes sérvios que combatem a independência da Bósnia, Radovan Karadzic, disse ontem que suas tropas vão retirar todas as suas armas pesadas de Sarajevo até a meia-noite de hoje (21h em Brasília), 24 horas antes do prazo dado pela Otan no ultimato lançado na semana passada.
"Estamos nos aproximando da paz em Sarajevo", disse Karadzic. O presidente (muçulmano) da Bósnia, Alija Izetbegovic, que "aparentemente, o drama de Sarajevo terminará logo". A cidade está sitiada desde abril de 1992, quando os sérvios iniciaram a guerra depois de boicotar um plebiscito no qual croatas e muçulmanos decidiram tornar a república independente da ex-Iugoslávia.
Yasushi Akashi, representante especial em Sarajevo do secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, afirmou que a artilharia sérvia deverá estar afastada da cidade ou sob controle das forças de paz das Nações Unidas antes do prazo dado pela Otan. Akashi seria o responsável pela autorização para os ataques aéreos da aliança militar ocidental aos sérvios, caso estes não cumpram o ultimato.
O general britânico Michael Rose, comandante das forças da ONU em Sarajevo, afirmou acreditar que os sérvios cumprirão a promessa e se disse "cautelosamente otimista" sobre o fim do cerco.
O recuo sérvio foi anunciado na quinta-feira, depois de uma reunião entre os líderes sérvios e o vice-chanceler da Rússia, Vitali Tchurkin. Tradicional aliada dos sérvios, Moscou havia se manifestado contra a ameaça da Otan. Tchurkin também anunciou que 400 soldados russos vão juntar-se às forças da ONU em Sarajevo.
Em Bruxelas, o comando da Otan expressou apoio à iniciativa russa, mas reafirmou que os ataques aéreos vão acontecer caso os sérvios não levantem o cerco. O premiê britânico, John Major, disse acreditar que os ataques agora são "menos prováveis". Em Washington, funcionários do Departamento de Estado disseram que o governo dos EUA "foi tomado de surpresa" pela iniciativa russa.
Tchurkin afirmou que a Otan deve "esquecer" a idéia de ataques aéreos e que qualquer intervenção militar estrangeira no conflito "levaria a uma guerra total". O presidente Boris Ieltsin enviou uma mensagem ao chefe de Estado francês, François Mitterrand, advertindo contra ataques aéreos.

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