São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Setor quer diversificar seus investimentos

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os fundos de pensão querem diversificar os seus investimentos. Eles têm hoje um patrimônio de US$ 31,1 bilhões e aplicam US$ 10 bilhões no mercado de ações. As aplicações em imóveis somam US$ 4,8 bilhões. Os fundos são os maiores investidores nos mercados financeiro e imobiliário. Agora, pretendem voltar suas atenções para a hotelaria, parques de recreações e complexos hospitalares, disse à Folha Leonel José Carvalo de Castro, superintendente jurídico da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada).
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da CEF (Caixa Econômica Federal), por exemplo, é dona de 9% das ações do Morumbishopping em São Paulo. A Sistel, fundo de pensão dos funcionários do sistema Telebrás, detém 10% das ações do Barrashopping no Rio e tem 16% das ações com direito a voto da Acesita. A Funcef também tem ações da Acesita e da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Em Maceió, o shopping Iguatemi foi totalmente construído com recursos dos fundos.
O total de recursos aplicados em ações está elevado porque os fundos converteram grande quantidade de debêntures de estatais em ações no ano passado, disse Almir Régis, presidente da Funcef. O investimento em ações é determinado por resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) e deve ser, no mínimo, de 25% do patrimônio do fundo. Esse também é o percentual mínimo para aplicações em títulos públicos. No caso dos imóveis, os investimentos não podem superar 20% do patrimônio.
A participação no controle acionário de empresas recentemente privatizadas se explica porque os fundos usaram títulos públicos de sua carteira no programa de privatização. "Usamos muitos TDAs (Títulos da Dívida Agrária) e OFND (Obrigações do Fundo Nacional de Desenvolvimento)", afirmou Regis. TDAs e OFND são títulos públicos federais que os fundos tiveram de comprar compulsoriamente. Tais títulos são considerados moedas podres pelos administradores dos fundos.
Os fundos patrocinados por empresas estatais têm maior patrimônio: US$ 26 bilhões, segundo dados do Ministério da Previdência Social, comandado pelo ministro Sergio Cutolo. Em janeiro, o CMN determinou que eles deveriam aplicar 35% do patrimônio em NTN-R, título público federal com variação cambial. A Abrapp chegou a anunciar que entraria na Justiça, mas adiou a decisão depois de uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, com Mizael Matos Vaz, presidente da entidade.
"Os investimentos dos fundos não podem ser uma decisão de política monetária, mas de análise atuarial", disse Ivo Loyola, diretor do IBA (Instituto Brasileiro de Atuária) em Brasília. Segundo ele, os fundos devem investir em aplicações rentáveis para complementar a aposentadoria dos associados.
Segundo o Ministério da Previdência, em 93 as 285 entidades fechadas de previdência privada tinham 6,5 milhões de participantes e beneficiários. Os participantes ativos somavam 1,9 milhão de pessoas, os aposentados, 365 mil, e os dependentes, 4,1 milhões. A Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de US$ 7,4 bilhões, tem o maior número de participantes ativos: 112 mil.

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