São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Distorção salarial incha gastos

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor do Departamento de Coordenação de Empresas Estatais (Dest), Arlindo Sant'Ana, admite a existência de casos de distorção salarial em relação ao setor privado, que contribuíram para inchar a folha de pagamentos das estatais.
A disparidade mais flagrante ocorre na área dos bancos federais.
Basta olhar a radiografia preparada pela Seplan para constatar que as despesas por funcionário desses bancos (incluídos salários, benefícios e encargos sociais) voltaram a crescer a partir de 1992.
É verdade que ainda não voltaram ao patamar de 1989, quando foi atingido o pico de US$ 95 mil. Mas em 1991 essas despesas haviam caído para US$ 46 mil e subiram para US$ 71 mil no ano passado.
Um estudo revelador da Austin Asis, uma consultoria de São Paulo, constatou que houve uma elevação tanto dos gastos com pessoal quanto administrativos.
As despesas com a folha de pagamento dos bancos oficiais foram 2.893% superiores ao lucro líquido –ou seja, cerca de 29 vezes o valor do lucro líquido– na última pesquisa disponível, datada de junho de 1993.
"Isso representa gastos dez vezes superiores aos dos bancos privados", afirma o economista Erivelto Rodrigues, diretor da consultoria. Em junho de 1992, o percentual era menor (1.072% ou cerca de 11 vezes o lucro).
A Austin Asis também comparou a despesa por empregado no período entre o maiores bancos privado e oficial. Nesse quesito, o Banco do Brasil gasta US$ 33,1 mil, cifra quatro vezes superior à do Bradesco.
Apesar disso, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido dos bancos oficiais vem declinando desde 1991. No último exercício pesquisado atingiu 2,2% contra a média de 7,8% do setor privado. A margem operacional, que alcançou 13,8% há dois anos, foi negativa (-1,7%), no mesmo período em que a dos bancos privados atingiu 4,1%.
"A produtividade e o desempenho dos bancos privados é melhor em todos os itens", afirma o diretor da Austin Asis. Segundo Rodrigues, o levantamento tem provocado reação de dirigentes dos bancos oficiais."Eles atribuem o desempenho ao fato de que essas instituições têm um papel social e devem manter operações em regiões não lucrativas". (NB)

Texto Anterior: Governo planeja 'domar' cem estatais
Próximo Texto: Objetivo é deter saltos na folha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.