São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Salários ficam fora da conversão pela média

FERNANDO GODINHO; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com exceção do salário mínimo e dos benefícios da Previdência, os salários do setor privado e até mesmo do funcionalismo público federal poderão ser convertidos à URV (Unidade Real de Valor) a partir do seu valor nominal, ou seja, sem qualquer tipo de cálculo pela média.
Foi o que disse ontem pela manhã o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, antes de se reunir com sua equipe para acertar os últimos detalhes da MP (medida provisória) que implantará a URV como indexador da economia, provavelmente em março.
"Não tenho o que arbritrar. Simplesmente é a expressão através da URV. Não vou mudar a quantidade de recursos que a pessoa ganha, nem para mais e nem para menos", disse FHC ao deixar sua casa.
Antes de entrar no Banco Central, onde se encontrou com a equipe econômica, FHC voltou a dizer que a conversão dos salários à URV "é uma questão de anotação." O ministro acrescentou: "Não altera o valor. Ninguém vai mexer, neste momento, no bolso das pessoas".
FHC também descartou qualquer tipo de conversão à URV dos preços praticados pelos setores oligopolizados, ao contrário do que vem defendendo parte da equipe econômica. "Não há mecanismos de compulsoriedade para esta matéria", afirmou o ministro.
Fernando Henrique fez questão de frisar que não concorda com a idéia do Estado intervindo nos preços da economia. "A economia brasileira é uma economia de mercado e nós vivemos numa democracia. Não é possível o Estado controlar o mercado".
Amanhã, FHC tem uma primeira reunião com os ministros Walter Barelli (Trabalho) e Sérgio Cutolo (Previdência) para discutir a conversão do salário mínimo e dos benefícios previdenciários à URV. Ele disse que "não há nada definido quanto ao valor" destes pagamentos e que sequer tem opinião formada sobre o assunto.
"Não sou especialista em salário e ainda não conversei com quem entende do assunto. Mas gostaria de dizer que não há razão para que as pessoas fiquem assutadas", declarou o ministro, que pretende descansar hoje.
Para FHC, "a pressa do governo em implantar a URV é a pressa do país". Ele confirmou que o BC "dará a palavra final" sobre o cálculo diário da URV, a partir dos mecanismos de definição diária do câmbio.
Se reuniram com o ministro ontem os seguintes assessores: Pedro Malan, presidente do BC; Clóvis Carvalho, secretário-executivo da Fazenda; Milton Dallari, assessor especial para preços; Pérsio Arida, presidente do BNDES; Gustavo Franco, diretor do BC; Winston Fritsch, seretário de Política Econômica; Gesner Oliveira, coordenador da secretaria de Política Econômica; e Edmar Bacha, assessor especial do ministro.

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