São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Dúvidas engessam mercado de aluguéis

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos mercados mais afetados pela expectativa de lançamento da URV é o de locação residencial. Os proprietários de imóveis vazios preferem mantê-los assim até a definição das novas regras. Se o contrato está em andamento, não têm a mínima idéia de quanto vão receber no futuro. As mesmas incertezas cercam inquilinos e pessoas à busca de lugar para morar.
Para contratos novos, a introdução da URV não deve trazer grandes transtornos. Basta que, no contrato, seja este o indexador. Quando a URV se transformar na nova moeda, o contrato se mantém, com a única diferença de os pagamentos mensais serem feitos em "real" e não mais em URV convertida para cruzeiros reais.
A previsão no setor é de que a possibilidade de contratos de aluguel em URV leve à queda dos valores iniciais, até agora elevados como forma de proteção da inflação e pressinados pela baixa oferta. O inquilino, para ter condições de arcar com o aluguel, também deveria receber salário em URV.
Problema maior será a conversão de contratos em andamento. Até os especialistas no mercado estão reticentes quanto a fazer previsões sobre as possíveis formas de conversão. Márcio Bueno, diretor jurídico do Secovi, arrisca afirmar que esta conversão poderia ser feita através de uma média trimestral a partir do último reajuste.
Um contrato com valor de CR$ 100 mil em 1.º de janeiro, por exemplo, se atualizado em fevereiro e março pelo IGP-M, equivaleria a cerca de CR$ 140 mil e CR$ 196 mil, respectivamente. O valor a ser pago em abril seria de CR$ 145 mil, e não CR$ 196 mil, porém convertido em URV.
"O proprietário perderia, mas deve levar em conta que a partir daí esse valor, teoricamente, teria correção mensal, enquanto antes ele receberia os CR$ 100 mil por seis meses", diz Bueno.
O presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), José Roberto Graiche, prega a conversão pelo valor de pico. Na hora da conversão, o aluguel seria atualizado pelo indexador contratado e a seguir viraria URV.
A conversão pela média, segundo Greiche, significaria uma quebra de contrato. "E o ministro disse que respeitaria todos os contratos em vigor", conclui. Mas Graiche ressalta que os salários deveriam ter conversão pelo pico.

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