São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Procura-se ministro

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – O governo precisa dizer que a aprovação do Fundo Social de Emergência, tal como passou na primeira votação, é essencial para o futuro do plano FHC. Abrir já a guarda é perder no segundo turno.
Mas o fato é que uma eventual revinculação de verbas para educação e habitação seria um percalço menor e não um obstáculo para o plano, conforme avaliação da própria equipe econômica.
A verdade é que começou a contagem regressiva para o lançamento da URV, primeiro como indexador e depois como nova moeda, e não há mais como detê-la. A menos, é lógico, que haja uma explosão na plataforma de lançamento, o que não está no horizonte.
Por isso, convém desdramatizar a votação do FSE no segundo turno, prevista para terça-feira.
Outro dado da realidade com o qual trabalha ao menos parte da equipe econômica: Fernando Henrique Cardoso é, sim, candidato à Presidência da República. Não que ele tenha anunciado esse propósito a seus auxiliares. É uma questão de lógica.
Aí entra o verdadeiro nó da questão: quem será o substituto de FHC na Fazenda, se ele de fato sair, obrigado pelo dispositivo da desincompatibilização? Procura-se, agora, um nome que tenha "densidade política", para usar expressão ouvida da própria equipe. Seus integrantes reconhecem que nenhum deles tem essa densidade. Uma segunda característica que se exige do eventual futuro ministro da Fazenda, de resto óbvia, é afinidade com a equipe e com o plano.
Se se encontrar esse nome, ainda há um problema, de natureza mais psicológica: dá-se como certo que a pessoa indicada por FHC para substituí-lo será aceita sem restrições pelo presidente Itamar Franco, mas ninguém pode oferecer a garantia de que o presidente não vai, em seguida, desautorizar o novo ministro.
Se alguém sabe de um nome com esse perfil e disposto a correr o risco citado, FHC agradecerá, ainda que em silêncio.

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