São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994 |
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Começa treino contra cólera em Fortaleza
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Dados das secretarias municipal e estadual da Saúde mostram que o plano de emergência chegou num momento em que o cólera declina. Fortaleza registra hoje 30 casos diários da doença. Em janeiro, a média diária chegou a 300 casos. O objetivo do plano é reduzir o número de casos, ainda considerado alto, a níveis endêmicos, entre 5 e 10 por dia. Nos hospitais, ainda é grande a frequência de pacientes com diarréia, o principal sintoma do cólera. Os doentes mais graves são internados e os outros recebem medicamentos nos ambulatórios por 12 horas. O hospital distrital Nossa Senhora da Conceição, no distrito sanitário 7, uma das áreas mais atingidas, chega a receber por dia 30 adultos e 50 crianças com suspeita da doença. Muitos hospitais porém já começam a reduzir o número de leitos, depois do pico da epidemia verificada em janeiro. O trabalho de treinamento dos agentes de saúde começou ontem pelo distrito sanitário 4, que concentra o maior número de casos, 1.779. Também estão sendo cavados poços na periferia da cidade para melhorar as condições de abastecimento. O custo do plano de emergência está estimado em US$ 2 milhões, retirados dos recursos do Estado. Técnicos do Ministério da Saúde estão fazendo o acompanhamento da doença. A infectologista Ana Lyria Pimentel disse que ainda é cedo para caracterizar uma nova epidemia em Fortaleza. O decreto de emergência do governador revela uma briga política entre o governo do PSDB e a prefeitura, do PMDB. A prefeitura divulgou um boletim dizendo que o surto de cólera foi provocado pelo canal do Trabalhador -obra do governo que trouxe água do interior para abastecer Fortaleza. Segundo o boletim, a água salobra trazida pelo canal obrigou a população a usar água de poços contaminados. A Secretaria Estadual da Saúde respondeu que o cólera avançou porque o programa de agentes de saúde não é bem-executado pela prefeitura. No lançamento do plano de emergência, Ciro Gomes disse que o boletim era "coisa de Marte". O prefeito de Fortaleza, Antônio Cambraia (PMDB), declarou que o decreto de intervenção é "inócuo juridicamente, e chega atrasado, porque o cólera está sob controle". Hoje, não há trabalho conjunto do governo e da prefeitura contra o cólera. Texto Anterior: Competência municipal Próximo Texto: Especialista aponta descaso Índice |
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