São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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Especialista aponta descaso

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Uma das causas da propagação do cólera é a ausência de saneamento básico, diz o farmacologista clínico Manassés Fonteles, 52, que estuda a doença há 14 anos. Fonteles coordena a Unidade de Pesquisas Clínicas do Hospital Universitário. Segundo ele, apenas 18% de Fortaleza tem serviço de saneamento.
Outra causa apontada por Fonteneles é o alto teor de salinidade trazido a Fortaleza pelo canal do Trabalhador. A Vigilância Sanitária informou que os índices de salinidade chegaram a 800 ppm (parte por milhão, um equivalente do mg/litro), muito acima dos 250 ppm aceitos pela Organização Mundial de Saúde. Segundo ele, a água salinizada leva a população a usar água de poços contaminados.
O início da estação chuvosa foi, segundo o pesquisador, o agente que espalhou o vibrião no lençol freático de Fortaleza. Além disso, ele afirma que "a população e as autoridades relaxaram no controle da doença". Uma quinta causa foi a migração dos sertanejos, expulsos do interior pela seca, para a periferia. Os migrantes geralmente vivem em favelas sem saneamento.
O último fator apontado por Manassés Fonteles é o que ele chama de "fator estatístico", uma superestimação do número de casos por uma confusão entre o que é cólera e o que é apenas diarréia.

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