São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Conjuntura econômica é favorável, diz consultor

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Conjuntura econômica éfavorável, diz consultor
Chegou às mãos do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, um estudo do consultor Luis Paulo Rosenberg mostrando que as condições econômicas são extramamente favoráveis ao programa de estabilização. E melhores que em todos os outros cinco planos anteriores. Em compensação, como reconhece o próprio ministro, as condições políticas são muito difíceis.
O estudo de Rosenberg mostra que os preços públicos estão alinhados, de modo que não será necessário um tarifaço –como houve em todos outros planos, gerando pressão inflacionária nova logo de saída.
Neste momento, a taxa de câmbio está equilibrada, não sendo necessário aplicar desvalorizações do cruzeiro real no momento do plano. Nos outros, a taxa de câmbio sempre estava atrasada. Em alguns, foi corrigida com maxidesvalorização, gerando inflação. Em outros, a taxa foi deixada atrasada e prejudicou o desempenho das exportações, reduzindo a entrada de dólares.
O Plano FHC é favorecido ainda pela conjuntura externa. A dívida externa está praticamente negociada e os juros internacionais estão no seu mais baixo nível, 3,5% ao ano. Na época do Plano Cruzado, por exemplo, esses juros eram de 7,5% e havia um impasse com os credores.
As reservas do Banco Central são hoje um recorde, acima dos US$ 30 bilhões, com o que governo tem como impedir especulações e segurar a cotação URV/dólar. Na época do Plano Bresser, em 1987, as reservas eram de escassos US$ 3,3 bilhões. No Plano Collor 2, US$ 8,6 bilhões.
Hoje, os gastos anuais com a importação de petróleo chegam a US$ 4,3 bilhões, os mais baixos de todos os tempos. No momento do Plano Verão, em 1980, por exemplo, o país torrava por ano US$ 9,5 bilhões com o petróleo.
As tarifas de importação hoje estão na média de 13,6%. Isso torna mais fácil recorrer a importações para quebrar altas de preços internos. O nível de importação que já existe é um fator a reduzir a alta de preços.
E finalmente, o déficit operacional do setor público está zerado, após a votação do Fundo Social de Emergência. Na época do Plano Cruzado, o déficit era de 3,6% do PIB. No Plano Verão, 8,9%.
Em compensação, as condições políticas são totalmente desfavoráveis. O governo é fraco, está no seu último ano e o período é eleitoral. Só o FHC opera de modo consistente e é a garantia para que o plano prospere. Mas ao mesmo tempo, há pressões nos meios políticos e econômicos para que ele saia candidato a presidente.
Esse impasse político se resolverá até 2 de abril, data fatal em que o ministro Fernando Henrique decidirá se fica ou sai candidato.

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