São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Líquidos e soro curam intoxicação alimentar

TEREZA CRISTINA GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

As intoxicações alimentares– náuseas, vômitos, diarréia, dores de cabeça, febre baixa e mal estar geral– acontecem mais no verão, época em que a temperatura é propícia para a multiplicação de bactérias. O quadro aparece poucas horas depois da ingestão de comida contaminada. Formam uma espécie de micro-epidemia, aparecendo em várias pessoas que comeram a mesma coisa ou coisas diferentes no mesmo local. O tratamento exige pouco: apenas uma reposição dos líquidos perdidos e uma boa dose de paciência com tanto desconforto.
A causa mais importante de intoxicação alimentar é a comida contaminada com as toxinas produzidas pela bactéria Stafilococo aureus. O microorganismo encontra um meio adequado de multiplicação em ambientes quentes e alimentos como batatas, maionese e saladas. O mau acondicionamento da comida pode acontecer em restaurantes que desligam o freezer durante a noite como forma de economizar energia, pro exemplo.
Como a mesma bactéria é responsável por infecções da pele, outra forma de contaminação possível ocorre quando a pessoa que cozinha não toma cuidados de higiene no preparo dos alimentos.
Os sintomas aparecem precocemente -até 12 horas depois da contaminação e têm duração limitada (24 a 48 horas). A gravidade do caso depende de complicações decorrentes da desidratação.
O tratamento é simples. É preciso repor os líquidos perdidos pelo organismo. Isso pode ser conseguido com a ingestão de qualquer tipo de bebida: chás, refrigerantes, água e soro caseiro ou obtido nos postos de saúde.
As pessoas idosas e as crianças (principalmente as desnutridas), exigem atenção especial, pois as consequências da desidratação podem ser fatais.
Medicações para diminuir febre, vômitos, dor de cabeça e náuseas podem ser usadas. Um erro comum é tentar diminuir a diarréia através de remédios. A diarréia é uma defesa do organismo para expulsar as toxinas e o uso desse tipo de medicação (que pode ser útil em casos especiais), deve ser determinado pelo médico.
Outro erro é o uso indiscriminado de antibióticos. Eles não são necessários porque a doença é autolimitada e dura o mesmo tempo independentemente do tratamento. Além do uso indevido prejudicar o bolso, podem aparecer efeitos colaterais que pioram o desenvolvimento natural da doença.
Não é aconselhável interromper a alimentação, que deve ser feita com comidas mais leves. É necessário procurar o médico quando o problema não é resolvido em um prazo de 48 horas, se os vômitos impedem a hidratação através da boca (nesses casos a hidratação tem que ser feita através de soro) ou se existe desidratação.

Fonte: Ermelindo Della Libera Júnior, médico gastroenterologista

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