São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994 |
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Fuja de carros e 'agito' na Ilha Grande
RODRIGO LEITE
São mais de cem praias, algumas minúsculas. O acesso é só por barco, a partir de Angra dos Reis (cidade à qual a ilha está ligada administrativamente) ou de Mangaratiba. Em seis horas de ônibus a partir de São Paulo e mais uma hora e meia de barco chega-se lá. Já para andar no interior da ilha são outros quinhentos. Por medida de segurança, devido ao presídio instalado por lá, não há carros no local. Assim, para ir de uma praia a outra é necessário recorrer a trilhas ou barco. As trilhas, é verdade, exigem um preparo físico razoável. A Ilha Grande é muito montanhosa, e assim, para ir de uma praia a outra, há uma sucessão de sobes e desces aparentemente interminável. Leve água –não há garantia de achar uma fonte–, vá calçado e procure andar com alguém que já conheça o lugar. A outra grande atração são os mergulhos. As águas são claríssimas e a visiblidade pode chegar a trinta metros. Só com máscara e snorkel, dá para ver cardumes multicoloridos. Na ponta da praia Vermelha, um navio afundado faz a festa dos mergulhadores. Dali, a meia hora de barco, fica o Saco Grande, habitat de lulas, raias e outros bichos. Próximo à praia Vermelha fica um dos pontos mais exóticos da ilha, a gruta do Acaiá. Ela tem duas entradas: uma por terra, descendo uma precária escada de madeira e arrastando-se por um estreito túnel de cerca de vinte metros; e outra pelo mar, mergulhando e passando sob a entrada na rocha junto ao costão. Mas cuidado, é praticamente impossível entrar pelo mar sem equipamento de mergulho autônomo! Dentro da gruta, a sensação estranha fica por conta de só conseguir ver qualquer coisa que estiver na água. Isso acontece por que a única entrada de luz para a gruta acontece pela água. Próximo à ilha –no máximo uma hora de barco– ficam outras ilhas encantadoras: a Gipóia, com belas praias, as Botinas, boas para mergulho, e as próprias praias de Angra. Esses passeios são quase obrigatórios para quem fica na praia Vermelha, no oeste da ilha. Outras atrações ficam no lado da ilha que se abre para o oceano. Nesta parte, o sul da ilha Grande, sucedem-se as praias do Aventureiro, do Sul e do Leste (estas duas são uma reserva ambiental, e para ficar nelas é necessário ter autorização dos fiscais que ficam no Aventureiro), da Parnaioca, do Presídio (use o bom senso e nem tente desembarcar nela) e de Lopes Mendes. Por fim, o programa "cabeça". Próximo à vila do Abraão, há as ruínas do antigo presídio, onde ficaram presos Luis Carlos Prestes e Graciliano Ramos, por exemplo. Se você leu "Memórias do Cárcere" (ou assistiu ao filme), há de ficar emocionado andando por lá. O jornalista RODRIGO LEITE viajou a convite da Radama Ecoturismo. Texto Anterior: Pravda hospeda brasilienses Próximo Texto: "Desencontro" dos átomos gera trovões nas tempestades Índice |
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