São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Novo modelo

O desempenho da comércio exterior brasileiro vem revelando mudanças estruturais importantes e positivas. Foi-se o tempo em que se discutiam e se condenavam os "megassuperávits" como resultado forçado pela recessão ou como obrigação de gerar recursos para saldar a dívida externa. A dívida externa deixou de ser um fantasma, a economia cresceu em 93 e o comércio externo continuou saudável.
A principal mudança estrutural revelada no comércio exterior brasileiro tem sido o progressivo abandono do modelo protecionista de substituição de importações. A novidade dos últimos anos tem sido não apenas o desmonte da máquina protecionista, mas, igualmente importante, a diversificação das exportações e a conquista de novos mercados. Em vez da substituição de importações, a substituição (e sofisticação) das exportações. Assim, sem protecionismo, promove-se com vigor (e menores custos) a estrutura produtiva do país.
Os resultados da balança comercial brasileira em janeiro ilustram essa tendência. Mercados importantes como o japonês passaram a receber mais produtos brasileiros não tradicionais, como o suco de laranja (absorveram US$ 10,9 milhões em janeiro de 1994, contra US$ 1,6 milhão em janeiro de 1993). Calçados despontaram como o primeiro item da pauta de exportações. Mercados como Espanha, Tailândia e mesmo a conturbada Rússia passaram a ganhar importância como destino das exportações brasileiras.
A reestruturação produtiva brasileira continua em curso e ainda há muito a fazer. Mas anima a percepção crescente, antítese dos anos 80, de que passar a importar mais não é ruim e estimular as exportações não é sinônimo de sacrificar o país.

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