São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Barelli chama 4 centrais para negociar salário

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Trabalho, Walter Barelli, chamou as quatro centrais sindicais (CUT, CGTs e Força Sindical) para discussão hoje, a partir das 15h30, na Delegacia Regional do Trabalho, em São Paulo. O ministro pretende discutir a conversão dos salários em URV e o valor do mínimo. A negociação será feita separadamente com representantes de cada uma das centrais.
Na quarta-feira, a CUT, a Força Sindical e as CGTs vão à Brasília, discutir com a Comissão Mista do Congresso que analisa a medida provisória 434, que criou a URV.
"O relator da comissão, deputado Gonzaga Mota (PMDB-CE), pediu pessoalmente para eu chamar os sindicalistas. Existe grande disposição de negociação", disse o deputado Paulo Paim (PT-RS), presidente da Subcomissão de Salários da Câmara.
As centrais pretendem apresentar, como proposta inicial das negociações, o projeto substitutivo à MP 434, elaborado no sábado passado em São Paulo, que tem o apoio de deputados da Comissão de Trabalho da Câmara, PMDB, PPR, PT, PC do B e economistas do Dieese.
O projeto prevê: 1) reposição de perdas antes da conversão dos salários em URV, segundo os cálculos do Dieese; 2) se a inflação em cruzeiros reais for maior do que a em URV, repasse desse resíduo inflacionário aos salários antes da criação da nova moeda; 3) criação de um gatilho para garantir a reposição da inflação na nova moeda, o real. Os três pontos seriam válidos também para o salário mínimo, que, segundo Paim, valeria no mínimo 85 URVs se fossem evitadas perdas na conversão.
A projeto prevê ainda que o salário mínimo teria aumentos reais para que seu poder de compra fosse recuperado e subiria, no mínimo, igual ao índice da cesta básica. "Os produtos de primeira necessidade estão subindo mais do que a URV", afirmou Gilmar Carneiro, diretor-executivo da CUT. Por fim, a proposta prevê que os benefícios da Previdência não se desvinculariam do salário mínimo.
Segundo Paim, confederações de trabalhadores reunidas anteontem em Brasília e o deputado Jabes Ribeiro (PSDB-BH) também decidiram apoiar o substitutivo.
"O projeto das centrais é uma proposta inicial para entendimento", afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical. "Até os sindicalistas mais radicais admitiram isso", afirmou ele.
O presidente da Comissão de Trabalho, deputado Paulo Rocha (PT-PA), e Paim vão compilar a proposta e pretendem, hoje mesmo, entregar o projeto à Comissão Mista que estuda a MP 434.
A comissão tem o prazo até o dia 15 para enviar ao Congresso a MP com todas as emendas e substitutivos e os parlamentares têm até o dia 30 para votá-la. "A estratégia do governo é atrasar a votação para que a MP seja reeditada e ele tenha mais tempo para negociar", disse Rocha.
Para pressionar o Congresso a votar, as centrais devem discutir, também na quarta-feira, uma data para a greve geral.

Texto Anterior: Plano FHC pode ser antídoto, diz Musa
Próximo Texto: Produção de notas no país só começou na década de 60
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.