São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
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'Maioria age responsavelmente'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O travesti Andrea de Maio, 43, diz que muita gente portadora do vírus da Aids está transando por vingança. "Conheço homens e mulheres que, quando sabem da doença, fazem programa por revolta. 'Se eu peguei, por que não vou passar?', eles dizem."
Andrea está fundando a Associação dos Transformistas do Estado de São Paulo. Diz que não faz programas e que vive de shows e de sua boate Prohibidu's. Para ele, é uma questão de vida ou morte que os travestis recebam preservativos. "A maioria dos homens casados oferece mais dinheiro para transar sem camisinha. Se o travesti está drogado, ou já se sente condenado (com Aids), aceita."
Segundo Andrea, a maioria dos travestis age de forma responsável. "Se estão com Aids, eles informam o freguês ou companheiro e pedem para usar camisinha. Mas tem homem que não acredita e quer sem camisinha mesmo."
Andrea diz que os travestis que fazem ponto nas ruas e os garotos de programa que trabalham nas saunas fazem até dez programas por dia. "Quem usa camisinha, usa sempre duas por vez."
Segundo ele, São Paulo tem cerca de 1.500 travestis. Muitos foram para a Europa, onde se estima que existam 3.000 travestis brasileiros.(AB)

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