São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
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Babes faz som pré-mentrual

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Babes in Toyland já marcou a década com unhadas profundas. Madrasta do movimento punk feminista "riot grrls", esse trio de Minneapolis influenciou dezenas de meninas americanas a pegar guitarras e calar o machismo com barulho. Mas só agora seus discos aparecem no Brasil. O álbum de estréia, "Spanking Machine", de 90, sai pela Roadrunner até o fim do mês, e o terceiro disco, "Fontanelle", de 92, está nas lojas em CDs importados pela Warner.
A música é irritante: tensão pré-menstrual eletrificada. No início era ainda pior. "Spanking Machine", produzido por Jack Endino, parece uma banda psychobilly tocando "Sister Ray", do Velvet Underground. A líder Kat Bjelland deixa o povo surdo com microfonias atravessadas e letras de impacto intimador. "Ele é a minha coisa/ Fique longe da minha coisa", berra em "He's My Thing".
Em "Fontanelle", a psicose de Kat, que sempre se apresenta de baby-doll, fica ainda mais aguda. O disco é co-produzido por ela e Lee Ranaldo, do Sonic Youth, banda tão importante para as Babes quanto Cramps, Velvet e Lydia Lunch. Kat tira palavrões das entranhas, em gritos de violência absurda. Courtney Love, mulher de Kurt Cobain (Nirvana), garante que "Bruise Violet", carregada de filhos disso e daquilo, foi escrita para ela. A melhor faixa é "Handsome and Gretel", sobre uma "Mariazinha" vadia. Sobra sexo nas letras da Babe. Há um gemido de prazer que soa quase um grito de horror. "Fontanelle" perturba como estupro musical.

Discos: Spanking Machine e Fontanelle
Banda: Babes in Toyland
Lançamentos: Roadrunner e Warner
Preço: CR$ 10.000 (em média)

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