São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Decisão do Congresso revisor acelera sucessão

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A sucessão presidencial e nos Estados foi deflagrada com a decisão do Congresso revisor de manter o prazo de desincompatibilização para governadores em seis meses. "Quem é candidato tem até o dia 2 de abril para colocar o seu terno de candidato. A sucessão vai tomar velocidade", comentou o líder do PFL no Senado, Marco Maciel (PE).
Os governadores queriam reduzir o prazo de desincompatibilização para três meses. Assim, teriam mais tempo para articular a sucessão dos seus Estados e para concluir projetos em andamento. O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, ganharia tempo para decidir se disputa a Presidência da República pelo PMDB. Com a decisão do Congresso, todos terão que deixar o cargo em três semanas.
Na semana passada, os líderes do PFL chegaram a pensar em apresentar uma emenda que reduzisse o prazo de desincompatibilização também para ministros de Estado. O objetivo era beneficiar o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um possível aliado na sucessão presidencial. Com mais três meses, ele teria tempo para consolidar o seu plano ecocômico. Mas a emenda foi rechaçada até pelo PSDB.
A definição das regras do jogo vai precipitar o lançamento de candidaturas, prevê o primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Adylson Motta (PPR-RS): "Quem ocupa cargos executivos vai ter que se definir em menos de um mês se quer ser candidato". Ele comentou que o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, virtual candidato do PPR a presidente da República, "fez contato com a bancada" para pedir a redução do prazo de desincompatibilização. Mas acrescentou: "Ele pediu, mas não impôs nada".
O deputado João Almeida (PMDB-BA), vice-líder do partido na Câmara, comentou que os candidatos terão agora que "ter a coragem de tomar uma decisão, mesmo sabendo que podem estar partindo para uma aventura". Em tom irônico, completou: "Os governadores tem só mais 20 dias para inaugurar as suas obrinhas".
Os governadores que estiveram em Brasília para pressionar o Congresso a reduzir o prazo de desincompatibilização precisarão agilizar as suar articulações regionais. O governador do Pará, Jáder Barbalho (PMDB), admitiu à Folha que é candidato ao Senado nas eleições de outubro. Ele já articula uma aliança com o senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), que deverá ser candidato ao governo do Pará.
Fora do governo do Goiás a partir do dia 2 de abril, Iris Rezende poderá entrar na disputa pela presidência da República. Ele poderá disputar com o ex-governador Orestes Quércia, na Convenção Nacional, a indicação do partido para a presidência da República.
O senador José Richa (PSDB-SP) concorda com a idéia de que haverá uma aceleraççção da sucessão presidencial.

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