São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Programa busca qualidade total no RS

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Programa busca qualidade total no RS
Empresários e governo do Estado lançam movimento para aprimorar a produção e resultados já aparecem
A iniciativa privada e o poder público uniram-se em busca da qualidade total nos produtos e serviços do Rio Grande do Sul. O tema ganhou proporções de um movimento no Estado. Cerca de 300 mil pessoas estão envolvidas no Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade, lançado em outubro de 1992. Quase 250 empresas, entre privadas e públicas, aderiram à idéia e criaram programas internos de qualidade ou aprimoraram os que existiam.
O Estado já exibe resultados positivos. A introdução do programa de qualidade coincide com a conquista pelo Rio Grande do Sul da segunda posição entre os principais Estados exportadores do país. A parcela das exportações gaúchas é de 13,4%, atrás somente de São Paulo (34,5%), conforme dados do governo federal referentes a 1993.
O programa da qualidade, que submeterá as empresas a uma primeira avaliação até o final do ano, também é animado pelo desempenho da economia gaúcha no ano passado: crescimento de 7,3%, superior à expansão de 92, que foi de 6,5%, de acordo com a FEE (Fundação de Economia e Estatística), ligada ao governo estadual.
Gerdau
No último mês de junho, o governador Alceu Collares (PDT) conseguiu o que até presidentes da República supostamente tentaram sem sucesso: levar para a esfera pública o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, diretor-presidente do Grupo Gerdau. Ele preside a Comissão Estadual da Qualidade e Produtividade, que a cada três meses se reúne com os participantes do programa para avaliar o andamento dos treinamentos. Em cinco anos, aproximadamente, o Rio Grande do Sul poderá ter um padrão técnico de qualidade total em todas as suas atividades, estima Gerdau.
A obtenção da meta deverá ser facilitada pelas empresas que já detinham padrão de qualidade total antes de o programa ser instalado e que agora servem de modelo para as aspirantes. Um dos motivos que levou Gerdau a participar da iniciativa é a sua crença de que a qualidade das empresas depende da qualidade dos serviços públicos como educação, saúde, comunicações, estradas e portos. "No final das contas, o que vai melhorar é a qualidade de vida da população", afirma.
Conscientização
Para o governador Alceu Collares, os gaúchos adquiriram um elevado grau de conscientização sobre qualidade, o que não permitirá a governos futuros abandonar o tema. Ele considera que muito ainda precisa ser feito no setor público. "Chegando de chinelo ou de Mercedes-Benz a um balcão, o contribuinte deve ter um igual e eficiente atendimento".
Fiergs
O presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), Dagoberto Lima Godoy, acredita que o segundo lugar em exportações atesta as condições de qualidade e competitividade da economia gaúcha. "Estamos em um estágio mais avançado da cultura da qualidade", diz ele, baseado em um comentário comparativo que lhe foi feito por um especialista japonês.
O consultor da fundação mineira Cristiano Ottoni, Vicente Falconi Campos, que acompanha o programa, diz que o Rio Grande do Sul acerta ao unir iniciativa privada e poder público. O objetivo da aliança, de acordo com ele, é a satisfação dos consumidores e dos contribuintes.

Texto Anterior: O declaratório e o explicatório
Próximo Texto: Empresa diminui desperdício
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.