São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Qualidade também está ao alcance da pequena empresa

RICHARD WHITELEY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Todo mundo já ouviu falar das lendárias "viradas" de negócios. Em 1980, a Ford esteve a beira da falência e agora lidera o ressurgimento da indústria automotiva nos Estados Unidos. A British Airways tinha clientes infelizes e empregados descontentes. Depois da privatização, em meados da década de 80, passou a ditar o padrão de serviços aéreos e no ano passado foi a empresa aérea mais lucrativa do mundo.
Mas o que acontece aos pequenos, aos negócios familiares? Sem os espantosos recursos de uma empresa gigante, pode o pequeno empresário esperar os mesmos resultados? A resposta é sim! Na verdade, as organizações menores têm até algumas vantagens sobre as suas correspondentes maiores.
A primeira vantagem é que são pequenas. Com menos empregados, menos níveis de gerência e todos alojados no mesmo local, o líder da pequena empresa pode operar mudanças muito mais rapidamente do que em uma grande organização. O que as companhias de porte levam anos para conseguir, um grupo pequeno e mais ágil pode alcançar em poucos meses.
Uma segunda vantagem é que o pessoal da pequena empresa está geralmente mais próximo de seus clientes. É comum executivos de grandes companhias ficarem isolados dos clientes por camadas de hierarquia, enquanto na pequena empresa o executivo-chefe é frequentemente também o chefe de vendas e passa boa parte do tempo fora do escritório, cara a cara com as pessoas que atende. Esta intimidade garante que a "voz do cliente" esteja sempre presente para servir de guia na criação de produtos, serviços e políticas.
Se ter visão de sua organização é a chave para o seu sucesso, os pequenos levam vantagem também aqui. Em uma pequena operação empresarial, a pessoa precisa apenas observar e ouvir o fundador da empresa. Outra vantagem é que na maioria dos casos a pequena empresa não está sujeita a metas de grandes ganhos trimestrais, como exigem os acionistas das grandes corporações. Tal pressão força as grandes companhias a se preocupar com o curto prazo. Já a pequena empresa tem maior capacidade de equilibrar o longo e o curto prazos. O resultado é que podem pôr em prática os mecanismos que as habilitará a focalizar sua atenção nos lucros e principalmente nos clientes.
Mas a pequena empresa, é claro, também tem desvantagens. E por isso nem todas estão mais voltadas para o cliente do que suas correspondentes maiores. O problema fundamental é que a pequena empresa não tem os recursos humanos ou financeiros como as grandes companhias. Enquanto uma empresa bem-sucedida seria capaz de nomear um gerente e fornecer facilitadores de qualidade para apoiar vários grupos operacionais, esse "staff de luxo" simplesmente nao existe para o pequeno negócio, que não tem meios para ter nem mesmo um staff regular. Também é difícil suportar as despesas com consultoria e treinamento, que é procedimento frequente nas grandes organizações. Nesse caso, o pequeno empresário pode valer-se do treinamento oferecido pelas associações de indústrias, de material impresso e vídeos na linha "como fazer" e de consultores locais.
No final das contas, com todas as vantagens e desvantagens enumeradas e comparadas, um único fato permanece: tornar-se uma empresa voltada para o cliente está ao alcance de grandes e pequenas. Não é o tamanho que faz a diferença. O que importa, mesmo, é a vontade. A organização, grande ou pequena, que estabelecer a firme intenção de voltar-se para o cliente e quiser fazer da intenção uma realidade, a despeito das vantagens ou desvantagens de tamanho, será a vencedora.

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