São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Uso do cartão perde vantagem financeira

DA REDAÇÃO

Os cartões de crédito entram esta semana no mundo da URV. Com isso, acaba a "vantagem" de usar o cartão como um instrumento de ganho financeiro. Dependendo da data da compra, a diferença chegou nos últimos meses à casa dos 40% nas despesas feitas sem diferença de preço entre pagamento à vista ou no cartão.
Pela portaria que regulamentou as vendas a prazo, divulgada sexta-feira, as faturas de cartões de crédito podem ser expressas em URV. Já o pagamento será em cruzeiros reais, pelo valor da URV no dia da liquidação.
Na prática, isto vai significar para todos os portadores de cartão uma situação idêntica à daqueles que têm cartão internacional. A compra feita no exterior é computada em dólar e o valor convertido para cruzeiros reais pela cotação do dia do pagamento da fatura.
Ao mesmo tempo, a portaria proíbe que lojistas cobrem preços diferentes para as transações efetuadas com o uso do cartão de crédito ou em cheque e dinheiro. Esta prática, apresentada como descontos nos pagamentos à vista, se disseminou com a escalada da inflação, forçando os consumidores a uma ginástica financeira para calcular a diferença entre um custo e outro.
A legislação anterior obrigava as empresas a emitir faturas apenas em cruzeiros reais. A portaria dispensa a obrigatoriedade do uso do cruzeiro real nesse tipo de documento, mas não obriga as empresas a adotarem esse procedimento.
As administradoras esperavam ansiosas pela mudança. Credicard e Diners já anunciaram que adotam a URV em todas as transações a partir do dia 15, terça-feira. Para o presidente da Credicard, Antônio Eduardo de Carvalho Brigagão, a mudança vai beneficiar estabelecimentos e clientes. Os comerciantes, porque vão receber seu dinheiro atualizado e poderão vender através do cartão sem restrições ou acréscimos, aumentando o volume de transações. Os clientes, segundo ele, porque terão um maior número de estabelecimentos aceitando os cartões.
Com URV, o portador de cartão passa a usar o dinheiro de plástico mais como um instrumento de crédito automático. E como acontece na maior parte dos países, assume o papel de um documento que identifica o usuário e facilita andar sem dinheiro ou talão de cheques.

Texto Anterior: Preços, aflição e sensatez
Próximo Texto: Ameaça é tática errada contra a inflação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.